Cientistas descobrem evidências de antigo ‘oasis’ em Marte

Local no fundo da cratera Gale mostra sinais de depósitos de sais minerais que são evidência de períodos secos e úmidos alternados, como acontece hoje no altiplano Boliviano
Rafael Rigues08/10/2019 14h13

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Marte, como conhecemos hoje, é um planeta árido. Mas se você pudesse visitá-lo há alguns bilhões de anos veria uma paisagem muito diferente, com mares e lagos espalhados pela superfície. Mais evidências desse cenário foram encontradas pelo rover Curiosity, da Nasa, que atualmente está explorando o fundo da cratera Gale.

De acordo com um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience por um grupo de pesquisadores do laboratório de propulsão a jato (JPL) da NASA, o rover encontrou rochas ricas em sais minerais, que seriam evidência de rasas lagoas de água salobra que passaram por períodos de enchentes e seca. Os depósitos servem como uma “impressão digital” das flutuações climáticas no ambiente marciano à medida em que ele se transformava de um planeta “úmido” no deserto congelante que é hoje.

A cratera Gale é o que sobrou de um gigantesco impacto na antiguidade. Sedimento carregado pelo vento e pela água eventualmente preencheu o fundo da cratera, camada por camada. Depois que o sedimento secou, vento esculpiu a rocha criando o Monte Sharp, com 5,5 km de altura, que o Curiosity está explorando.

Cada camada de sedimento exposto na encosta da montanha revela uma era diferente da história Marciana e nos dá pistas sobre o ambiente predominante na época. As condições encontradas pelo Curiosity ocorreram há 3,5 bilhões de anos e lembram as do Altiplano boliviano, onde riachos e correntes sazonais vindas das montanhas preenchem regiões que formam “bacias” fechadas de água salobra, que evaporam em época de seca.

“À medida em que subimos o Monte Sharp, vemos uma tendência geral de transição de um ambiente úmido para um mais seco”, disse Ashwin Vasavada, cientista do Projeto Curiosity no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia. “Mas esta tendência não ocorreu de forma linear. Provavelmente foi desorganizada, com períodos mais secos, seguidos de períodos mais húmidos como os que encontramos na região que estamos explorando hoje”, diz ela.

O rover Curiosity pousou em Marte em Agosto de 2012, e sua missão de exploração originalmente tinha uma duração prevista para 687 dias. Atualmente o robô está em operação há 2618 dias, sem um fim previsto a curto prazo.

Em 2020 a Nasa lançará a missão Mars 2020, que pretende colocar em fevereiro de 2021 um rover de mesmo nome na superfície do planeta, para explorar a cratera Jezero.

Fonte: Nasa/JPL

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital