Com cerca de 500 km de diâmetro, Encélado é a sexta maior lua de Saturno. Sua superfície é coberta por gelo fresco, e em 2014 a sonda Cassini descobriu um imenso oceano com cerca de 10 km de profundidade sob seu polo sul. No ano seguinte foram detectados “gêiseres” de vapor d’água emanando de rachaduras na superfície, que continham compostos orgânicos macromoleculares. Por isso, a lua é uma das principais candidatas para abrigar vida alienígena no sistema solar.
Agora, uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley (UC Berkeley), Universidade da Califórnia em Davis (UC Davis) e Instituto Carnegie para a Ciência anunciou a descoberta do mecanismo por trás de uma das características mais intrigantes na superfície de Encélado: quatro imensas rachaduras paralelas no hemisfério sul, como se fossem marcas deixadas por garras gigantes.
“Essas faixas são diferentes de tudo o que conhecemos em nosso sistema solar”, disse Doug Hemingway, astrônomo da Carnegie Institution for Science e principal autor do artigo. “Nenhum outro planeta ou lua gelada tem algo parecido com elas.”
Os polos de Encélado são mais aquecidos que outras áreas da lua por causa das forças gravitacionais que puxam o corpo celeste enquanto orbita Saturno. A energia impede a lua de congelar completamente e também significa que essas regiões contêm as camadas mais finas de gelo. Um modelo matemático desenvolvido pelos pesquisadores sugere que ciclos de aquecimento e resfriamento causaram pressão sob o gelo, fazendo com que a “casca” da lua eventualmente se rompesse.
Isso poderia ocorrer tanto no polo norte quanto no sul, de acordo com a modelagem, mas por acaso ocorreu no sul. Uma vez que a rachadura apareceu, a pressão que se acumulou foi aliviada – e nenhuma rachadura adicional pôde ser formada dessa maneira.
“Nossa modelagem dos efeitos físicos experimentados pela camada de gelo da lua aponta para uma sequência potencialmente única de eventos e processos que podem permitir a existência dessas faixas distintas”, disse Hemingway.
Fonte: CNet