A cooperação entre físicos e pesquisadores amadores levou à identificação de uma nova forma de aurora boreal. Apelidada de “dunas”, a descoberta traz uma nova luz sobre a atmosfera superior da Terra.

As dunas aurorais aparecem como ondas ondulantes e com tons de verde no céu noturno. Segundo a professora de física Minna Palmroth, da Universidade de Helsinque, elas são resultado de um processo anteriormente desconhecido, que não teria sido descoberto sem a ajuda de cientistas cidadãos.

Em 2018, quando Palmroth estava preparando um guia para observadores da aurora boreal, ela se juntou a um grupo de entusiastas no Facebook. Na comunidade, eles descreveram e registraram várias formas aurorais, mas perceberam que um certo tipo de aurora vista no livro não havia sido categorizada.

“Olhei para as fotos e pensei: talvez precisemos criar uma nova categoria, porque elas não pareciam nada que eu já tinha visto antes”, disse Palmroth ao Gizmodo. “Então começamos a investigar isso juntos, usando as fotos que as pessoas fizeram como dados científicos e, como não havíamos feito esse tipo de coisa antes, tivemos que desenvolver novos métodos”.

Auroras boreais ocorrem quando partículas solares interagem com gases na ionosfera da Terra (a parte da atmosfera do nosso planeta que é ionizada por radiação solar e cósmica). O nitrogênio reage brilhando em azul e roxo, enquanto o oxigênio emite luz verde e vermelha. No caso das dunas recém-documentadas, acredita-se que essas auroras monocromáticas sejam ondas brilhantes de átomos de oxigênio, atingidas por correntes de elétrons.

O resultado da pesquisa foi publicado na AGU Advances, e conta com imagens da aparição das dunas em 7 de outubro de 2018 – apenas alguns dias antes de Palmroth começar a publicar seu livro. Observadores amadores capturaram várias fotos das mesmas dunas ao mesmo tempo em diferentes locais da Finlândia.

Usando estrelas de fundo como pontos de referência, Palmroth e seus colegas conseguiram triangular a posição das dunas de dois locais na Finlândia separados por 172 quilômetros, a uma altitude de 100 quilômetros. O comprimento das ondas foi medido em torno de 45 quilômetros, com base no aparecimento de seis dunas consecutivas.

As formas foram vistas numa região onde a atmosfera do nosso planeta se cruza com o espaço, e é notoriamente difícil de estudar. “É alta demais para radares e balões, mas baixa demais para satélites; portanto, existem muito poucas medições, principalmente de foguetes”, explica Palmroth.

Via: Gizmodo