A China terminou ontem a construção do FAST, o maior radiotelescópio do mundo. A obra levou cerca de cinco anos para ser completada, custou US$ 180 milhões e provocou o desalojamento de 9 mil pessoas que moravam próximas à construção.
O telescópio será usado para monitorar cerca de um milhão de estrelas e planetas que as orbitam em busca de pulsares (estrelas de nêutros muito pequenas), ondas gravitacionais e, eventualmente, aminoácidos. Esses últimos são particularmente importantes, já que a sua presença pode indicar a existência de vida extraterrestre.
Dessa forma, espera-se que o FAST contribua de maneira significativa para pesquisas nas áreas de astronomia e física, por exemplo. Segundo o noticiário chinês Xinhua News, dos 10 Prêmios Nobel atribuídos a pesquisas relacionadas a cosmologia e espaço, seis foram viabilizados graças a radiotelescópios.
Construção monumental
A sigla FAST que dá nome ao telescópio significa Five-hundred meter Aperture Spherical Telescope, ou Telescópio Esférico com 500 metros de abertura. Seu tamanho faz dele o maior telescópio do mundo, muito além dos 300 metros do líder anterior, que fica em Puerto Rico. Ele contém 4450 painéis solares que cobrem uma área aproximadamente igual à de 30 campos de futebol. O Vídeo abaixo, em inglês, fala mais sobre ele:
What makes world’s largest ever radio telescope FAST in SW #China‘s Guizhou so extraordinary? #XinhuaTVhttps://t.co/fLK9CrBlZC
— China Xinhua News (@XHNews) 2 de julho de 2016
O FAST foi construído em um vale na região montanhosa de Guizhou. As montanhas em volta do vale facilitaram a construção, e ajudam na isolação necessária para que o radiotelescópio funcione. Outra vantagem da formação natural é proteger a construção da chuva e da erosão.
Além do refletor gigantesco, o radiotelescópio também possui uma cabine suspensa em meio ao refletor, responsável pela captação e gravação de todos os sinais captados pelo refletor. Ela fica suspensa por cabos presos a seis torres, distribuídas em torno do refletor. Conforme os painéis do refletor se movem, a cabine também consegue ajustar sua posição para captar melhor os sinais.
Apesar da dificuldade em garantir a precisão dos movimentos da cabine ao longo de distâncias tão grandes por meio de cabos, os engenheiros garantem que sua posição consegue ser determinada com menos de um centímetro de margem de erro.
Mesmo já estando pronto, o FAST ainda levará alguns anos até começar a operar. Durante os próximos dois a três anos, segundo o The Next Web, ele passará por ajustes finais e será utilizado em pesquisas simples pelos pesquisadores chineses, para garantir a sua funcionalidade.
Custo humano
O governo chinês desalojou mais de 9 mil pessoas que moravam em regiões próximas à construção para garantir o funcionamento do FAST. Por tratar-se de um radiotelescópio, o equipamento precisa de uma ausência completa de ondas de rádio em seus arredores para potencializar sua precisão.
Os procedimentos de recolocação dos moradores da região estão em andamento e deverão se encerrar até setembro. Cada cidadão afetado pela mudança receberá do governo chinês uma indenização equivalente a cerca de R$ 8 mil.