“Eu não quero viver mais neste planeta”, diz o meme com o rosto do professor Farnsworth, de Futurama. Nos dias atuais, cada vez mais surgem motivos para repetir este meme, mas o fato é que, colocá-lo em prática é uma tarefa complicada. Vamos ignorar os pormenores técnicos de conseguir um foguete para ir morar em outro lugar e focarmo-nos em outra questão: “onde?”.

Sim, se fôssemos sair da Terra, qual seria o melhor lugar para se viver no nosso Sistema Solar? Nenhuma das opções é tão habitável quanto o nosso planeta, mas elas têm a vantagem de ainda não terem sido estragadas pela humanidade. Então é uma questão de pesar risco e benefícios, como fez o Ars Technica.

Marte

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Tem sido a opção número 1 por ser um planeta razoavelmente parecido com a Terra em relação a gravidade, e o fato de ser perto permite uma viagem de até 9 meses. Conta com água sólida nos polos e líquida abaixo do solo, e Sol o bastante para aproveitar energia solar. Não há muita atmosfera, mas ela existe, bloqueando um pouco da radiação solar.

A parte ruim: A vida deve ser restrita a ambientes fechados, porque a atmosfera marciana é extremamente rarefeita, fazendo com que a água evapore em temperaturas muito baixas (menos do que a temperatura do corpo humano). Isso significa que a água no corpo de uma pessoa exposta iria evaporar em pouco tempo, causando uma morte horrível. A radiação ainda é forte demais para uma vida saudável.

Lua

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É a opção mais próxima. É possível chegar lá com poucos dias de viagem, tornando a Lua a alternativa mais fácil para aquela fuga rápida do planeta Terra. Também existe a crença de que existe água congelada nos polos, minérios, e Hélio-3, que seria uma boa fonte de energia radioativa.

A parte ruim: sem atmosfera, a Lua é bombardeada por radiação solar. A poeira lunar também se provou um problema sério nas viagens das espaçonaves Apollo. Além disso, há o fato de que, se você realmente quer sumir da Terra, a Lua pode ser perto demais.

Vênus

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Em vez de ir para o quarto planeta do Sistema Solar, que tal ir para o segundo? Vênus tem atmosfera, ao contrário de Marte e da Lua. No entanto, a pressão do ar em Vênus em sua superfície é esmagadora (equivalente a quase 1 km de profundidade nos oceanos terrestres), e o calor é insuportável (460° Celsius). No entanto, a NASA já estuda alternativas viáveis que incluem criar cidades voadoras em Vênus, a 50 quilômetros da superfície; nesta altitude, as temperaturas variam entre 0°C e 50°C e a pressão atmosférica é próxima da terrestre.

A parte ruim: se a ideia de viver para sempre em um balão não agrada, o fato de as chuvas serem formadas por ácido sulfúrico, que é fortíssimo e altamente corrosivo, também não é muito atraente. Além disso, o fornecimento de água e metais seria complexa, devido à espessa atmosfera do planeta, dificultando o lançamento e pouso das naves.

Titan

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Esta lua de Saturno tem uma vantagem muito clara: energia aos montes. Ela possui oceanos inteiro de metano puro, que é um gás altamente inflamável, mas lá está em estado líquido. A pressão atmosférica é próxima à da Terra (1,4 vezes a pressão), tornando desnecessário o uso de uma roupa pressurizada (mas ainda seria necessário usar uma máscara para respirar). Há nitrogênio e amônia na atmosfera que poderiam ser usadas para fertilizar hortas em estufas e pode haver água sob a superfície. A atmosfera também é espessa o bastante para filtrar a radiação solar.

A parte ruim: Bom, a lua está perto de Saturno, que é muito longe do Sol. O resultado disso é que a temperatura média em Titan é de -180° Celsius. Além disso, a distância em relação à Terra significa que a viagem até lá demoraria vários anos com os sistemas de propulsão atuais.

Callisto

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Júpiter tem várias luas, e Europa é a mais famosa, sempre lembrada quando falamos em chances de vida extraterrestre. No entanto, Callisto é interessante por vários motivos. O fato de estar mais distante de Júpiter significa que recebe menos radiação do gigante gasoso. Além disso, já foi observado gelo na superfície da lua, e tudo indica que haja um oceano salgado a uma profundidade entre 50 e 200 quilômetros. A própria NASA já começou a estudar a possibilidade de enviar humanos a Callisto pela sua estabilidade geológica e a possibilidade de transformar o gelo da superfície em propulsor de foguetes.

A parte ruim: também é longe para chuchu da Terra, dependendo de uma viagem de vários anos. A atmosfera também é fina, gerando problemas como na Lua da Terra e Marte. A radiação que recebe de Júpiter é menor do que outras luas jupterianas, mas ainda é maior do que Titan, por exemplo. Além disso, Callisto recebe apenas 4% da luz solar que a Terra recebe, dificultando bastante a captação de energia.