Alheio ao pandemônio que está acontecendo na Terra neste momento por causa da pandemia do novo coronavírus, o Sol está se preparando para abandonar um relativamente longo período de calma e entrar num novo ciclo climático. A partir das observações da formação de manchas na superfície da estrela, os cientistas acreditam que a mudança deve acontecer “talvez este mês”.
O Sol passa por ciclos de atividade a cada 11 anos aproximadamente. No momento, ele está bem quieto, entre o fim do ciclo solar 24 e o começo do 25. À medida que sua atividade aumenta, mais manchas cruzam sua superfície. São essas manchas que dão origem a explosões solares, como a ejeção de massa coronal ou o lançamento de radiação e partículas carregadas pelo sistema solar.
O efeito disso aqui na Terra varia entre a ocorrência de auroras boreais, interferências no nosso sistema de satélites até o desligamento da rede elétrica no solo. Previsões de ciclos solares são complicadas já que os cientistas não sabem tanto quanto gostariam sobre como nossa estrela de fato funciona.
A mudança gradual do campo magnético do Sol causa o ciclo de 11 anos. Como a estrela gira aproximadamente uma vez a cada 27 dias, seu material interno age como um fluido, de modo que seu equador gira muito mais rápido do que seus polos. Isso faz com que seus poderosos campos magnéticos se tornem progressivamente mais “emaranhados” – e suas manchas solares e outras atividades magnéticas mais violentas – até que a estrela inteira inverta sua polaridade magnética. É como se a Terra trocasse seus polos magnéticos Norte e Sul a cada poucos anos.
As manchas solares visíveis são causadas por distúrbios magnéticos que deslocam sua camada externa brilhante e revelam as camadas internas um pouco mais frias (e mais escuras). As manchas podem durar dias ou semanas e variar em tamanho, mas geralmente são muito maiores que a Terra inteira.
“O sol estava impecável de 14 de novembro a 23 de dezembro” do ano passado, disse Jan Janssens, especialista em comunicações do Centro de Excelência Solar Terrestre em Bruxelas, Bélgica. “Esse período de 40 dias de dias sem manchas é o mais longo em mais de 20 anos”, completou.
Tais períodos prolongados sem manchas solares geralmente acontecem na época do chamado “mínimo solar” – o tempo de menor atividade de manchas solares entre dois ciclos solares. A mudança de polaridade do Sol faz com que sua atividade magnética – e suas manchas solares – diminuam bastante. Mas o campo magnético rotativo do Sol lentamente se emaranha novamente e o ciclo das manchas solares recomeça.
Espera-se agora que o ciclo 25 atinja um pico em 2024, antes de cair para um novo mínimo em 2031. Desde o último mínimo solar, em 2009, os cientistas ganharam novas ferramentas para o estudo da atividade solar, incluindo a sonda Parker, da Nasa, que orbita o Sol desde 2018. Com os dados coletados na atual mudança de ciclo, possivelmente poderemos prever melhor as próximas.
Via: Space.com