Astrônomos rastreiam sinal de rádio e chegam a origem misteriosa; entenda

FRB 180916 teve origem em uma galáxia a meio bilhão de anos-luz da Terra, e é diferente de outros sinas detectados anteriormente
Rafael Rigues08/01/2020 13h10, atualizada em 08/01/2020 13h12

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Um dos fenômenos que mais intriga os astrônomos são as “explosões rápidas de rádio” (FRBs, ou “Fast Radio Bursts”), fontes ultra-rápidas de radiação eletromagnética de altíssima intensidade, com energia equivalente a 500 milhões de sóis e duração de apenas alguns milissegundos. Ainda não se sabe quais suas causas, mas algumas das suposições que os cientistas tinham sobre o fenômeno estão sendo desafiadas por uma nova descoberta.

Até agora dois tipos de FRBs foram encontradas. O primeiro são explosões únicas, que ocorrem de forma aparentemente aleatória no universo, o que torna difícil determinar sua origem exata. O segundo são explosões que se repetem sem periodicidade definida. 10 fontes de FRBs que se repetem foram detectadas até hoje.

Analisando os sinais que se repetem, os cientistas formularam a hipótese de que eles ocorreriam em galáxias pobres em metais, em regiões com grande atividade de formação de estrelas e próximas ao centro galáctico e seu buraco negro central. Um exemplo seria um sinal conhecido como FRB 121102, distorcido por fortes campos magnéticos e originário de uma galáxia anã a 3 bilhões de anos-luz de nosso planeta.

Mas um novo sinal, batizado de FRB 180916, desafia esta suposição. Após emitir quatro sinais em cerca de 5 horas, os cientistas identificaram a fonte como uma região de sete anos-luz de diâmetro na galáxia espiral SDSS J015800.28+654253.0, a meia bilhão de anos-luz de nós, o que o torna a FRB mais próxima já detectada. A região de origem é distante do centro galáctico, e o sinal não sofre a mesma distorção eletromagnética encontrada em FRB 121102. Ou seja, embota o sinal seja similar, as condições que levaram à sua origem são provavelmente muito diferentes.

As possíveis explicações para os FRBs apresentadas até hoje incluem estrelas de nêutrons, buracos negros, pulsares com estrelas companheiras, pulsares implodentes, um tipo de estrela chamado blitzar, uma conexão com explosões de raios gama (que agora sabemos que podem ser causadas pela colisão de estrelas de nêutrons ) e magnetares que emitem chamas gigantes. O novo sinal não permite determinar com exatidão o que causa o fenômeno, mas permite eliminar algumas possibilidades.

“Com a caracterização dessa fonte, o argumento contra pulsares como origem para as FRBs repetidas está ganhando força”, disse Ramesh Karuppusamy, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha.

“Estamos prestes a identificar novas fontes graças aos próximos radiotelescópios que entrarão em operação. Isso finalmente nos permitirá estabelecer a verdadeira natureza dessas fontes”.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital