Astrônomos encontram estrela que sobreviveu a encontro com buraco negro

Localizada a 250 milhões de anos-luz de nós, estrela era uma gigante vermelha que teve suas camadas externas 'devoradas' pelo buraco negro. O que sobrou foi uma anã branca
Rafael Rigues24/04/2020 14h13, atualizada em 24/04/2020 14h30

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Pesquisadores da Universidade de Leicester, na Inglaterra, encontraram um raro caso de uma estrela que sobreviveu a um encontro com um buraco negro. O evento foi registrado em dados do Chandra X-Ray Observatory, da Nasa, e do telescópio espacial XMM-Newton, da Agência Espacial Européia (ESA).

A estrela em questão era uma gigante vermelha a cerca de 250 milhões de anos-luz da Terra, orbitando um buraco negro com massa equivalente à de 400 mil sóis na galáxia GSN 069. Quando a estrela foi capturada pela atração gravitacional do buraco negro suas camadas externas, ricas em hidrogênio, foram arrancadas e “engolidas”, deixando para trás seu núcleo, um tipo de estrela conhecido como anã branca.

Mas isso não é o fim da história. A anã branca está presa em uma órbita elíptica ao redor do buraco negro, completando uma volta a cada nove horas. No ponto mais próximo desta órbita, mais material é arrancado da estrela e adicionado a um “disco” ao redor do buraco negro. Isto libera uma rajada de raios-x, que nossos observatórios espaciais conseguem detectar.

A perda de massa deve fazer com que a órbita da estrela se torne mais circular e se expanda. Isso fará com que seja “devorada” pelo buraco negro mais lentamente. Segundo o astrofísico Andrew King, autor do estudo, “a princípio esta perda de massa irá continuar mesmo após a anã branca ser reduzida a algo com a massa de Júpiter, em cerca de um trilhão de anos. É uma forma incrivelmente lenta e complicada que o universo encontrou para fazer um planeta!”.

O professor King prevê que a anã branca tem atualmente apenas dois décimos da massa de nosso Sol. Se ela era o núcleo de uma gigante vermelha que teve seu hidrogênio arrancado, deve ser rica em hélio, criado pela fusão de átomos de hidrogênio durante a evolução da gigante vermelha.

“É incrível que a órbita, massa e composição de uma pequena estrela a 250 milhões de anos-luz de distância possa ser inferida”, diz o astrônomo.

Fonte: Phys.org

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital