Astrônomos conseguem identificar pulsos regulares em estrelas caóticas

Descoberta irá nos ajudar a determinar tamanho, idade e composição de estrelas que desafiavam os cientistas
Rafael Rigues14/05/2020 14h00, atualizada em 14/05/2020 14h05

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Muitas estrelas pulsam em um padrão rítmico. Esse “batimento cardíaco” é causado pela movimentação de ondas sonoras, criadas por correntes de convecção dentro da estrela e por seu campo magnético, e permite aos cientistas determinar características como sua idade, composição e temperatura.

Mas há um tipo de estrela, conhecido como “variável Delta Scuti”, que é uma exceção à regra. Sua rotação é tão rápida que elas ficam ligeiramente achatadas, o que “embaralha” os pulsos e resulta no que parece ser um movimento caótico.

Astrônomos da Universidade de Sidney, na Austrália, conseguiram encontrar um padrão no caos. Usando o observatório espacial TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) eles analisaram 60 estrelas Delta Scuti, com massas entre 1,5 e 2,5 vezes a do Sol, e conseguiram identificar um padrão de pulsos de alta frequência.

“Estrelas Delta Scuti claramente pulsam de formas interessantes, mas os padrões destas pulsações até agora desafiavam a compreensão. Usando uma analogia musical, muitas estrelas emitem “acordes” simples, mas as Delta Scuti são complexas, emitindo o que parece um amontoado de notas”, diz o astrônomo de Tim Bedding, da Universidade de Sidney.

Mais estrelas

Além do observatório Tess, os cientistas também analisaram dados de cerca de 300 estrelas Delta Scuti observadas pelo Telescópio Espacial Kepler durante quatro anos. Usando software projetado sob medida eles analisaram a 92 mil curvas luminosas, o que levou à identificação de 60 estrelas com pulsos de alta frequência regulares.

“Os dados do Tess nos levaram à detecção precisa em um número de estrelas muito maior do que tínhamos antes”, disse o astrônomo Daniel Huber, da Universidade do Havaí. “É como se as notas finalmente se encaixassem para formar uma bela melodia”.

A nova descoberta já está sendo usada na prática. Graças a ela, os astrônomos conseguiram identificar a idade da estrela HD 31901, na corrente estelar Pisces-Eridanus.

Um grupo calculava uma idade em cerca de 1 bilhão de anos, baseada em uma anã-vermelha que é parte do grupo. Outro grupo estimava 130 milhões de anos, com base na rotação de outras estrelas na corrente. Com o novo método os cientistas chegaram a uma estimativa de 150 milhões de anos.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital