Review de Project Cars 3: jogo diverte, mas não agradará fãs da série

Project Cars 3 tem bastante conteúdo, mas sua jogabilidade diferente não agradará fãs de simuladores de corrida. Confira nossa análise!
Alvaro Scola11/09/2020 19h43, atualizada em 11/09/2020 20h10

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A série Project Cars surgiu ainda em 2015 após uma comunidade se movimentar para levantar fundos para o seu desenvolvimento. Assim, o primeiro jogo da série chamou a atenção de milhares de fãs de simuladores de carros, que na época estavam a procura por uma opção divertida para computadores.

O jogo chegou a fazer bastante sucesso e ganhou até uma sequência, que melhorou diversos aspectos e fez a franquia Project Cars ser ainda mais reconhecida e respeitada. Agora, em 2020, Project Cars 3 acaba de ser lançado para PCs, PlayStation 4 e Xbox One. O Olhar Digital pôde testar o jogo e te conta a seguir o que achou dele!

Apresentação, gráficos e modos de corrida

Assim como seus antecessores, Project Cars 3 não traz nenhuma “história” e apenas te coloca no papel de um piloto que deseja se consagrar nas pistas. Por se tratar de um jogo de corrida em que você estará mais focado em evoluir, é claro, isso é perfeitamente aceitável e não dá nenhum ponto negativo para o jogo.

Já o grande destaque do jogo fica com o modo “Carreira”, que é praticamente onde você passará a maior parte do tempo correndo para obter experiência e dinheiro, itens que comentaremos mais à frente. Além deste modo, que é considerado o principal, você também tem:

  • Modo multijogador para corridas em tempo real contra outros jogadores;
  • Modo rivais em que você deverá superar o tempo de seus adversários na pista
  • Modo de corrida personalizada em que você pode correr em qualquer pista do jogo.

Pessoalmente, além do modo carreira, quem me agradou bastante foi o modo rivais, que faz você buscar o acerto do carro certo para poder ganhar alguns milésimos de segundos e te força a conhecer os trajetos do jogo. Já algo que me incomodou em qualquer modo, é que para correr neles com outros carros, você precisa ter comprado o veículo no modo carreira.

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Nós até entendemos que no modo carreira faz sentido você não poder sair com qualquer carro para ter uma “progressão” dentro do jogo que te prenderá a atenção. Entretanto, ao menos no modo de corrida personalizada, era necessário você ter qualquer veículo a disposição, uma vez que a intenção nele é justamente você testar algo específico para saber se te agradará ou não. Aqui, vale lembrar, no Project Cars 2 e em outros jogos de corrida, isso é algo extremamente comum.

Por fim, na questão gráfica, o Project Cars 3 acaba sendo um jogo bem bonito. De forma geral, a parte exterior dos carros, na maior parte do tempo, acaba sendo detalhada e conta com bons efeitos. Somente nos cockpits dos carros que nós notamos um pequeno downgrade do jogo, já que nem todos estão com texturas muito bem definidas.

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Os carros, seus ajustes e upgrades

Se há um aspecto em que Project Cars 3 dificilmente deixa a desejar é em seu número de carros, uma vez que seu acervo é bem generoso. No total, o jogo conta com aproximadamente 200 veículos, que precisam ser comprados no “Showroom” e contam com algumas opções para terem seu visual personalizado.

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Além da parte mais “cosmética”, em Project Cars 3, além de você comprar novos carros, também é possível fazer upgrades neles. Esta parte apesar de ter seu apelo não deve agradar a fãs de simuladores, uma vez que ela é bem rasa e os upgrades são “simplificados” em comparação a realidade e dão um tom bem arcade para o jogo, que acaba não se saindo bem.

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Não apenas melhorias, mas ajustes também podem ser feitos nos carros durante as corridas, o que lhe permite, por exemplo, perder menos tempo em uma curva ou ganhar aceleração em uma reta. Se comparado ao sistema de Project Cars 2, aqui, nós vemos uma regressão no sistema, que está menos intuitivo, apesar de ter menos opções. Não apenas isso, alguns desses ajustes precisam ser desbloqueados, o que não é algo que faz muito sentido, já que você está apenas mudando um aspecto/configuração do carro e não comprando um item para isso.

Sistema de progressão do piloto

Para destravar os itens dentro de Project Cars 3, tudo é feito através de um sistema de progressão do piloto e com dinheiro do próprio jogo, ou seja, felizmente, não existem micro transações, ao menos no momento da publicação desta análise. Para você evoluir como piloto e ganhar níveis, além de ganhar campeonatos, você deverá atender a pequenos objetivos, que mudam de acordo com cada corrida.

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Estes objetivos, de forma geral, são em sua maioria fáceis de serem alcançados, mas lhe garantem apenas experiência. Assim, o “dinheiro” do jogo só é obtido mesmo ao vencer determinados campeonatos ou ao passar de nível, o que faz você demorar até conseguir comprar novos carros ao mesmo tempo em que faz upgrades para se manter competitivo. Aqui, ainda vale notar, alguns objetivos estão com traduções erradas, por exemplo, eles pedem para você manter na liderança por 3 voltas, enquanto a corrida só tem 1 volta.

Além do dinheiro para comprar os carros, você também precisa ter um “nível de piloto” para desbloqueá-los. Este nível, como informamos mais acima, é obtido ao ganhar corridas, mas também ao fazer ultrapassagens e outras manobras enquanto está dirigindo.

Jogabilidade e física polêmica

A série Project Cars sempre foi bastante reconhecida por sua física e elementos realistas, apesar de ser considerada um Simcade (simulador com elementos arcade) por muitos jogadores. O primeiro jogo, inclusive, era considerado muito difícil para ser jogado em um controle e Project Cars 3 muda isso drasticamente, mas não exatamente para o melhor.

Por já ter uma certa experiência com jogos de corrida, eu sempre prefiro jogá-los tanto no volante quanto no joystick com todas as assistências desligadas para realmente estar no controle completo do carro. E nessa parte, felizmente, o Project Cars 3 traz opções tanto para quem deseja ou não jogar com as assistências.

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Agora, ao entrar no mérito da jogabilidade em si, Project Cars 3 se difere bastante de seus antecessores e acaba sendo bem arcade tanto em seus controles quanto em sua física. Antes, por exemplo, em Project Cars 2, você precisava estar atento a todas características de seu carro como a temperatura dos pneus, danos e outros itens.

Já em Project Cars 3, você não tem muitos elementos que devem ser cuidados, a não ser pelos ajustes do carro, que fazem uma diferença, mas não são mais tão essenciais quanto no passado. Mesmo ao manter o “gatilho” do acelerador pressionado no máximo no controle, em muitos momentos não tive quaisquer dificuldades de manter o carro na pista, isto ao dirigir sem assistências.

Para quem tiver uma chance de testar esse jogo, apenas como um pequeno teste, pode deixar o acelerador pressionado ao máximo na hora da largada e comparar o que ocorre nele e em seu antecessor. Enquanto em Project Cars 1 ou 2 você teria rodado, em Project Cars 3, o seu carro sairá praticamente em uma linha reta.

Apesar disso, o Project Cars 3, em alguns momentos, ainda é um simulador e não deixará que você faça, por exemplo, qualquer curva em alta velocidade. Assim, mesmo sendo fácil de controlar o carro, o jogo ainda tenta te trazer alguma dificuldade, o que pode agradar quem está querendo começar a se aventurar em jogos simuladores de corrida.

Além do problema da jogabilidade, algo que não me agradou muito em Project Cars 3 foi a sua física, que parece ignorar alguns aspectos. Por exemplo, em praticamente qualquer corrida, os jogadores tentarão se aproveitar do vácuo para fazer ultrapassagens, já aqui, o jogo até dá um aviso de que você “está na cola”, mas o “vácuo em si” não funciona e você não conseguirá se aproveitar dele para tentar uma ultrapassagem.

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Uma mudança interessante no Project Cars 3 fica por conta do seu sistema de “guia de pista”, que agora ao invés de mostrar todo o caminho a ser corrido, te mostra apenas algumas zonas cruciais. Pessoalmente, até gostaria de ter acesso as duas opções de traçado, mas achei esse novo modo um bom jeito de ensinar a pilotos novatos como eles devem seguir pela zona de frenagem e aceleração.

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Ainda nas corridas, existem mais alguns pontos que não fazem muito sentido e que te penalizam de uma forma injusta. Por exemplo, o jogo te dá pontos de experiência por fazer uma “ultrapassagem suja”, mas te penaliza por ter encostado nem que seja um pouco do pneu fora da pista. Aqui, até entendemos ser penalizados, mas o jogo te deixa como um “fantasma”, que te faz perder inúmeras posições, enquanto ele poderia simplesmente pedir para ceder a posição obtida ilegalmente.

Já ao jogar o Project Cars 3 no volante, a física do jogo continua a mesma e o carro é bem fácil de ser controlado. Ao ter testado ele com um volante G29 da Logitech, a resposta do forcefeedback estava bem aceitável, mas eu tive que fazer alguns ajustes em sua força, que no valor padrão estava fraca. O único ponto que poderia ser melhorado aqui é na hora de passar um pouco mais de informações da pista, por exemplo, ao tocar o pneu do carro na zebra, o volante quase não tremia.

Performance e desempenho

O Project Cars 3 foi testado por nós do Olhar Digital em um PC com um processador i5 9600k, 16 GB de memória RAM DDR4 e uma GTX 1060 com 6 GB de memória. A performance do jogo ficou bem aceitável com os gráficos configurados no alto e certos detalhes no médio, entretanto, em corridas a noite, alguns stutterings foram notados.

Conclusão

O Project Cars 3 é um jogo de corrida decente e que conta com bastante conteúdo para manter a atenção de seus jogadores por horas, mas que traz uma jogabilidade um tanto estranha. O número de carros e pistas para serem desbloqueados é bem generoso e você gostará de tentar superar todos os objetivos de cada corrida, nem que tenha que repeti-las para isso.

Ainda assim, a grande verdade, é que ao invés de se chamar Project Cars 3, este jogo deveria ter sido lançado com um novo nome ou até mesmo como um spin-off da série e não como uma continuação direta, já que ele traz mudanças bem drásticas. O Project Cars 3 pode ser considerado um bom jogo para quem está querendo um título de corrida bem casual e é acessível para novos jogadores, mas acabará desagradando quem estava esperando por um simulador de corridas, algo que era uma característica marcante da série.

A Bandai Namco enviou uma chave do game para que o Olhar Digital pudesse testá-lo em um PC.

Editor(a)

Alvaro Scola é editor(a) no Olhar Digital