Ontem, Mark Zuckerberg falou sobre como as tecnologias de inteligência artificial utilizada nos produtos da empresa podem impactar o futuro. O CEO do Facebook acredita que, graças a elas “É possível chegar a um ponto nos próximos cinco a dez anos em que teremos sistemas de computação que são melhores que pessoas” em atividades como “visão, audição, linguagem e outras coisas centrais que fazemos”.
A declaração de Zuckerberg veio em meio a uma reunião de atendimento a investidores para discutir os resultados da empresa no último trimestre. Ao ser questionado sobre como as técnicas de aprendizagem de máquina que rodam os robôs do Messenger podem se manifestar no futuro, o CEO da rede social respondeu que “nosso principal foco em inteligência artificial é criar serviços de computadores que tenham percepção melhor que a de pessoas”.
Inteligência artificial
Zuckerberg tomou o cuidado de ressaltar, contudo, que há uma diferença entre ser melhor em determinadas percepções e simplesmente ser melhor. “Isso não significa que os computadores estarão pensando ou serão melhor em geral”, disse.
Num exemplo citado pelo The Verge, embora seja possível criar um computador que derrote seres humanos em Go, esse mesmo computador não seria capaz de parar no meio de uma partida para compor um poema sobre seu estilo de jogo. E esse computador, mesmo sendo muito bom em Go, não conseguiria aprender a jogar damas sem receber muita ajuda de seres humanos – mesmo que damas sejam um jogo mais simples.
Segundo Yan Lecun, o diretor de pesquisa em inteligência artifical do Facebook, o principal obstáculo que existe entre as tecnologias atuais e robôs tão inteligentes quanto humanos é “aprendizado sem supervisão”. Essa questão se refere à capacidade de aprender diversas tarefas diferentes, de maneira autônoma, num ambiente sem supervisão.
“Precisamos resolver o problema do aprendizado sem supervisão antes de que possamos até mesmo pensar em chegar em verdadeira inteligência artificial. E esse é apenas um obstáculo do qual já sabemos. E todos os obstáculos que ainda não conhecemos?”, disse Lecun.
Impacto social
Embora a “verdadeira inteligência artificial” ainda esteja distante, robôs capazes de enxergar, ouvir e conversar melhor que humanos já serão capazes de causar um profundo impacto na sociedade. O aspecto mais preocupante dessa mudança é que eles poderão acabar com diversos empregos que dependem de tais habilidades, especialmente empregos mais repetitivos e manuais – que em geral já são ocupados por pessoas das camadas menos privilegiadas das sociedades.
Com relação a possíveis soluções para o impacto social dessas transformações, uma das ideias discutidas no Vale do Silício é a Renda Universal Básica. Essa medida garantiria a todos os cidadãos uma renda suficiente para lhe garantir condições mínimas de sobrevivência e dignidade humana. Outra necessidade seria a adaptação dos sistemas educacionais para focar nas tarefas cognitivas complexas que os computadores ainda estão longe de conseguir realizar – por enquanto.