A Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (ou CERN, como é conhecida na sigla em francês) divulgou no final da semana passada o TIM, o robô autônomo que está usando para inspecionar o Grande Colisor de Hádrons (ou LHC). O equipamento, que ajudou a confirmar a existência do Bóson de Higgs, é o maior laboratório de física de partículas do mundo.

O nome TIM é uma sigla que significa “Train Inspection Monorail”, ou Monotrilho de Inspeção de Trem, em tradução direta. Ele é uma espécie de veículo autônomo equipado com diversos sensores e câmeras que permitem que ele inspecione o tunel de 27 quilômetros de comprimento que abriga o colisor de partículas, tornando a tarefa muito mais simples. O vídeo abaixo mostra o TIM trabalhando:

Vídeo relacionado

Esse robô é capaz, dentre outras coisas, de medir os níveis de radiação em cada parte do túnel do LHC, bem como os níveis de oxigênio, a largura de banda de comunicação e a temperatura ao longo do túnel. Ele também consegue fornecer imagens normais e infravermelhas das áreas do túnel por onde passa.

publicidade

Para ir de um lado ao outro do túnel, ele se desloca ao longo de um trilho a uma velocidade máxima de 6 quilômetros por hora e, por ser semelhante a um trem, ele ainda pode receber mais “vagões” com novos sensores ou equipamentos. Isso permitiria ao TIM realizar ainda mais funções de inspeção e monitoramento.

De acordo com o CERN, o trilho por onde o TIM passa foi criado na época do LEP (Large Electron Positron), um colisor de partículas anterior ao LHC que operou de 1989 a 2000. Naquela época, o trilho abrigava um trenzinho que era capaz de mover trabalhadores e equipamentos pelo túnel. Em 2000, no entanto, ele foi desativado, pois o LEP foi fechado para dar lugar ao início da construção do LHC. A imagem abaixo, de 1991, mostra o LEP e o trenzinho naquela época.

publicidade

Reprodução

Física de partículas

publicidade

Segundo o CERN, dois TIMs já estão sendo usados para monitorar os túneis do colisor de partículas. Se não fosse por eles, essa imensa tarefa precisaria ser feita por humanos, o que seria muito mais trabalhoso. Para se ter uma ideia da escala monumental do LHC, a BBC e o CERN produziram em parceria um vídeo que mostra o interior do laboratório.

“Física de partículas” pode parecer um nome complexo, mas esse ramo da física estuda partículas extremamente minúsculas e efêmeras que só aparecem em condições semelhantes ao Big Bang, a explosão que, segundo o modelo aceito atualmente, teria originado o Universo. É necessário, contudo, um equipamento extremamente grande (como o LHC) para produzir essas condições.

Criar um equipamento desse tipo exige muito tempo, dinheiro e conhecimento. Mas os resultados que essas pesquisas trazem podem nos ajudar a entender questões extremamente profundas, como a origem e o futuro do Universo e a estrutura da matéria. Por isso, a China está investindo em criar um acelerador de partículas que deverá ter o dobro do tamanho do LHC, permitindo pesquisas ainda mais detalhadas.