Engenheiro do Google polemiza dizendo que humanos não foram feitos para dirigir

Renato Santino04/12/2017 22h21

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Um engenheiro da Waymo, empresa-irmã do Google sob o guarda-chuva do conglomerado Alphabet, causou polêmica no Twitter após um comentário feito sobre as diferenças entre as capacidades humanas e das máquinas para dirigir um veículo.

A publicação já foi apagada, mas a captura ficou para a posteridade. “Estive dirigindo um carro alugado em Los Angeles que não tem os recursos autônomos que meu carro tem. Quase bati 10 vezes e atropelei cinco pessoas em dois dias! Humanos não foram projetados para dirigir carros”, ele disse. A publicação pode ser conferida na captura abaixo, feita pelo site Jalopnik.

Reprodução

Ao que tudo indica, se tratava de uma piada, evidenciada por uma segunda publicação, também apagada. “Piadas ruins escalam rapidamente no Twitter. Lembrar de apenas tuitar aquilo que você quer expressar”, ele comentou.

O motivo desse segundo comentário é bem fácil de ser compreendido. A publicação original saiu do controle quando as pessoas perceberam que ele estaria culpando o carro por sua inaptidão ao volante e expandindo essa incapacidade a toda a raça humana, enquanto existem motoristas muito bons por toda parte.

A piadinha pode ter sido inofensiva, mas reflete bem a tensão que existe atualmente com essa possível transição entre os carros manuais e os autônomos acontecendo nos próximos anos. O Google vem testando seus carros sem motorista há quase uma década, bem antes de a divisão virar a empresa independente Waymo, e apenas no ano passado admitiu que um acidente foi causado por erro da máquina. Até então, todos os casos foram de incapacidade dos humanos em pensarem de forma igual aos computadores.

Enquanto coexistirem veículos autônomos e controlados por seres humanos, esse é um debate que será recorrente. Recentemente, a cidade de Las Vegas viu uma van autônoma se chocar com um caminhão de entregas comandado por uma pessoa comum, e o município rapidamente jogou a culpa sobre o humano. “Se o caminhão tivesse os mesmos sensores que a van, o acidente teria sido evitado”, dizia o comunicado. E é aí que mora o problema. Podem os humanos continuar dirigindo em um mundo onde carros serão conduzidos de forma autônoma? A habilidade de direção pode vir a se tornar obsoleta, como é a de montar um cavalo, que já foi uma necessidade do ser humano e hoje está limitada a grupos sociais específicos e hobbystas? Coisas que só o futuro dirá.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital