Estaleiros e empresas de logística japonesas anunciaram ontem uma parceria para desenvolver veículos autônomos bilhões de vezes mais pesados do que drones: navios cargueiros. Algumas das participantes são o estaleiro Japan Marine United e as empresas de cargas Mitsui OSK e Nippon Yusen.

As empresas envolvidas se comprometeram a compartilhar conhecimento e dividir os custos de desenvolvimento da tecnologia. Segundo uma estimativa do site asiático Nikkei, esses custos devem ficar, no mínimo, na casa das centenas de milhões de dólares. O plano é colocar cargueiros totalmente autônomos no mar até o fim de 2025.

Monstros gigantes sem controle

O objetivo das empresas é criar cargueiros que usem tecnologias como a “internet das coisas” para unir e analisar dados sobre o navio, seu entorno, o clima e o mar. De posse desses dados, um sistema de processamento central do navio poderia traçar então a rota mais rápida e mais econômica de sua origem até o destino.

Esse sistema de “internet das coisas” exigiria que o cargueiro fosse equipado com inúmeros sensores para ter esses dados. Mas, com eles, o navio também poderia prever defeitos e problemas de funcionamento de alguns de seus equipamentos, o que ajudaria a reduzir os riscos de acidentes e os custos de manutenção. As empresas pretendem, com esse processo, acabar com toda a presença humana nos cargueiros.

Como o Digital Trends relata, isso geraria economia para as empresas por dois motivos: primeiro, permitiria que elas continuassem a operar seus navios sem a necessidade de pagar os salários da tripulação; segundo, porque os navios autônomos não precisarão reservar espaço para a central de comando ou para as habitações dos marinheiros, e portanto poderiam ter mais espaço para cargas.

A espinha dorsal da economia mundial

Pode parecer que os navios cargueiros autônomos serão apenas mais um veículo que terá seus operadores humanos substituídos por computadores. Mas a questão é que os navios transportadores de contêineres são um dos aspectos mais importantes da economia mundial atual. Como o especialista em logística Jean-Paul Rodrigue disse em entrevista à rede estadunidense ABC, “essencialmente, a globalização não existiria sem os contêineres”.

Segundo um artigo da Economist, a criação dos contêineres – e dos navios responsáveis por transportá-los – permitiu reduzir o custo de transportes de mercadorias de US$ 5,83 por tonelada para US$ 0,16 por tonelada. Nos cinco anos após a invenção dos contêineres por Malcolm McLean em 1956, o comércio bilateral entre países do norte cresceu 320%. Por isso, a criação de navios de carga autônomos seria responsável por deixar o “coração” da economia mundial nas mãos de robôs.