Drone com projetor consegue enganar IA de carro

Carro reconheceu, e obedeceu, sinais de trânsito falsos, mesmo que projetados por um período de tempo curto demais para serem percebidos por um ser humano.
Rafael Rigues08/07/2019 12h56, atualizada em 08/07/2019 12h58

20190702095555-1920x1080

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Ben Gurion (BGU), em Israel, demonstrou que um simples drone equipado com um projetor pode ser usado para enganar a inteligência artificial de um carro. E o pior, pode fazer isso de forma que seja imperceptível para os humanos dentro do veículo.

A descoberta foi feita por membros da Cyber@BGU, uma equipe dedicada à pesquisas nas áreas de segurança digital, análise de Big Data e inteligência artificial aplicada. Em um experimento a equipe usou um Renault Captur equipado com o Mobileye 630, um Advanced Driver Assist System (ADAS – Sistema Avançado de Auxílio ao Motorista). Tal sistema não é completamente autônomo: ele é considerado “Nível 0”, ou seja, auxilia o motorista com informações sobre a via (como limites de velocidade), mas não tem controle sobre o carro.

O “agressor” foi um drone equipado com um pequeno projetor. A equipe descobriu que sinais de trânsito projetados pelo Drone eram interpretados pelo carro como se fossem reais, mesmo que o tamanho ou cores estivessem errados. Em um exemplo, o drone projeta um sinal informando que o limite de velocidade é de 90 Km/h em uma via de 30 Km/h, e o ADAS aceita e passa a informação falsa ao motorista.

A pior parte é que o sinal não precisa ser projetado por muito tempo para ser detectado. Segundo Ben Nassi, pesquisador do Cyber@BGU, bastaram 100 milissegundos para que ele fosse reconhecido pelo ADAS. Um intervalo de tempo praticamente imperceptível para o motorista humano.

Em declaração ao site “Ars Technica”, representantes da MobilEye negam que o experimento seja uma forma de “ataque”, e alegam que seu sistema agiu exatamente como previsto: leu um sinal de trânsito e o respeitou. O problema é que o “sinal” seria incapaz de enganar um motorista humano.

Embora o potencial para dano com um ADAS Nível 0 seja mínimo, afinal de contas, ele não tem controle sobre o carro, especula-se que o mesmo ataque também poderia funcionar contra sistemas mais avançados (como um Tesla AutoPilot), capazes de controlar aceleração, frenagem e direção, resultando em um potencial para dano muito maior.

Fonte: Ars Technica

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital