Cessna autônomo decola e pousa sozinho; assista

Reliable Robotics quer usar uma frota de aviões automatizados para transportar carga entre pequenos aeroportos nos EUA, reduzindo o custo do frete aéreo
Rafael Rigues27/08/2020 18h24

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Em setembro de 2019 um avião monomotor Cessna 172 decolou de um aeroporto ao sul de de San Jose, na Flórida, fez um curto voo de 15 minutos e pousou novamente no mesmo aeroporto. Seria uma ocorrência corriqueira, se não fosse um detalhe: não havia ninguém a bordo.

O voo foi realizado por uma startup chamada Reliable Robotics, fundada em 2007 por Robert Rose e Juerg Frefel. Rose já foi diretor de software de voo da SpaceX e participou do desenvolvido do sistema Autopilot usado nos veículos da Tesla. Frefel também veio da SpaceX, onde projetou as plataformas de computação usadas no foguete Falcon 9 e na cápsula Dragon.

A empresa vem trabalhando em segredo em sua tecnologia há três anos, e em junho repetiu o feito pousando um avião maior, um Cessa 208 Caravan, comumente usado para o transporte de cargas.

Seu plano de negócios é equipar uma frota de Caravans com tecnologia autônoma, e utilizá-los para transporte de cargas entre pequenos aeroportos nos EUA, algo que segundo Rose pode acontecer em dois anos. A empresa optou pelo Cessna 208 pois é um avião abundante, barato e já certificado pela FAA (desde 1984).

Rose e Frefel estudaram o mercado e chegaram à conclusão de que a maioria das empresas investindo no voo autônomo está tentando desenvolver novas aeronaves com rotores que lhes permitem decolar e pousar verticalmente. Nestes casos, além de uma autorização da FAA (a Agência Federal de Aviação dos EUA) para voos autônomos, também seria necessária a certificação da aeronave, o que torna o processo mais complicado mais lento.

Atualmente a Reliable só pode fazer voos curtos, devido à exigência da FAA de que todo voo não tripulado seja realizado dentro do alcance visual do piloto. Mas Rose espera que, quando essa regulamentação for superada, suas aeronaves terão um piloto em solo monitorando o voo e falando com o controle de tráfego aéreo. Mas em vez de manipular diretamente os controles, o piloto apenas emitirá comandos de alto nível (decole, pouse, etc) e a aeronave fará o resto sozinha.

Segundo o executivo isso permitirá que um único piloto conduza muito mais voos de carga por dia do que é atualmente possível, reduzindo significativamente os custos do frete aéreo. “Hoje, com o conceito de operações e os padrões nos quais voam as aeronaves, o piloto é subutilizado”, diz.

Fonte: Fortune

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital