Ainda em marcha lenta, mas na direção do futuro! Entre ruas esburacadas, faróis quebrados, trânsito caótico, falta de educação de alguns motoristas e uma série de outras adversidades, o Brasil dá seus primeiros passos rumo à mobilidade elétrica. Mas, pode acreditar, estes não são, nem de perto, os principais problemas que os carros elétricos vão precisar vencer no país para poder sair do lugar. A gente fez então um raio-x dessa realidade para identificar o momento dos elétricos no Brasil para ver o que já está pronto, o que precisa evoluir e também quebrar alguns mitos…
Este é o primeiro ponto, afinal antes mesmo de pensar em carros elétricos em circulação, é preciso saber se existe energia suficiente para carregar as baterias…
Este é um dos maiores laboratórios vivos de mobilidade elétrica do país. Entre pesquisas, estudos e testes, esta empresa do ramo de energia baseada em Campinas, no interior de São Paulo, desenvolveu um ecossistema de carregadores e veículos elétricos rodando na cidade para analisar dados e contribuir para o desenvolvimento do mercado no país. E, segundo a Companhia Paulista de Força e Luz, a maioria das redes de distribuição do Brasil já está preparada para os elétricos; algumas precisarão ter suas capacidades ajustadas para incluir essa nova realidade, mas isso não seria uma questão difícil de ser resolvida.
Estações de recarga
O Brasil possui hoje cerca de 140 postos públicos de recarga para elétricos – quase todos localizados nas regiões Sul e Sudeste do país. Ainda é muito pouco, mas já atende a pequena demanda atual. Na rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116 que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, está instalado o maior corredor elétrico da América Latina: uma sequência de seis postos de abastecimento. Claro, este número terá que ser ampliado estrategicamente em todo o Brasil, mas o que se espera dos elétricos é que a maior parte das recargas sejam feitas nas próprias casas dos usuários e durante a madrugada.
Baterias
Quando o assunto são veículos elétricos, nos últimos anos, o maior investimento em pesquisa e desenvolvimento foi, sem dúvida, em relação às baterias. A evolução é contínua, mas para longas distâncias – combinando o fato do número restrito de carregadores – este ainda é um problema a ser vencido. Hoje, o tipo de bateria que mais se destaca são as de íons de lítio – mesma tecnologia usada nos nossos celulares. Mas existe cerca de 30 outros tipos de bateria sendo testadas. A pesquisa por materiais diferentes é enorme e por enquanto, não existe o modelo perfeito. Se não bastasse, as baterias são o componente mais caro dos elétricos.
Agora o grande problema atual das baterias é a vida útil. Nos Estados Unidos, os primeiros elétricos já começam a virar sucata moderna. E o que fazer com as baterias que não servem mais? Em alguns casos, substituí-las custa uma fortuna, o que acaba não valendo a pena. Melhor comprar outro carro. Mas… carros descartáveis?! E a sustentabilidade do Planeta, não é esse o foco da mobilidade elétrica?!
Preço
Os elétricos não poluem, são mais eficientes e econômicos. Com energia, a estimativa é que se economize pelo menos 30% em relação ao que se gasta com combustível. Com mecânica mais simples, a manutenção também deve gerar uma redução de gastos na casa dos 40%. Mas, especialmente no Brasil, ainda são veículos extremamente caros! Importados e caros! Ainda sem previsão de lançamento no Brasil, este novo modelo da GM deve chegar aqui valendo a partir de 170 mil reais na versão mais básica. Nas outras marcas, a faixa de preço é a mesma; daí pra cima…
Para esse preço se tornar minimamente acessível, as montadoras precisarão aumentar suas ofertas e trazer, além de modelos luxuosos e repletos de tecnologia de ponta, outros mais populares. Fora isso, é indispensável que haja um incentivo do governo para dar um empurrãozinho na categoria no país…
Vale lembrar que na China, onde o desafio de reduzir a emissão de poluentes é mais eminente, os carros elétricos são oferecidos com incentivo que pode chegar a 10 mil dólares; isso sem contar a total isenção de impostos no momento da compra. Na Holanda, quanto menos o automóvel emite, menor é a taxa de licenciamento, podendo chegar a zero.
Expectativas
No mundo, a frota de híbridos e elétricos passo de dois milhões no ano passado. A previsão é que chegue a 13 milhões até 2020 e, em 2030, a 140 milhões. No Brasil ainda vai levar um tempinho pra que a gente comece a reparar nos elétricos nas ruas…mas menos do que muita gente imagina.
Se você se interessou pelo assunto, aproveite e confira a cobertura que fizemos a última etapa do campeonato mundial de carros elétricos em Nova York, a Fórmula E; aí, sim, o grande laboratório mundial para o futuro da mobilidade urbana. Aproveite e conheça também o maior corredor para carros elétricos da América Latina, acompanhe o Olhar Digital nesta viagem. Os links estão logo abaixo do vídeo desta matéria…