Nuvem híbrida: como se preparar para unir dois mundos da tecnologia

Redação03/05/2017 19h44, atualizada em 03/05/2017 20h00

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Serviços com demanda muito variável exigem flexibilidade da infraestrutura de TI, sendo mais indicado um ambiente de nuvem pública. Por outro lado, há dados e serviços específicos que carecem de mais segurança e controle e, nesses casos, a nuvem privada é mais adequada.

A solução para isso é um ambiente de nuvem híbrida capaz de unir os dois mundos – e o mercado está atento à demanda. Segundo Wagner Arnaut, diretor de Cloud e Computação Cognitiva da IBM, uma pesquisa do Evaluator’s Group estima que 80% das empresas na América Latina pretendem adotar estratégia de TI que contempla nuvem pública nos próximos anos – e, em muitos casos, isso pode significar uma abordagem de nuvem híbrida.

No entanto, como Arnaut ressalta, a mudança para esse novo ambiente não é só uma questão de “virar a chave”: ela exige estudo, planejamento e muito cuidado. Durante um evento organizado pela consultoria Gartner, em São Paulo, a IBM abordou os desafios deste mercado junto às necessidades das empresas.

Quem vai, quem fica

Ramon Melo, gerente de Suporte e Tecnologia do Grupo Martins, implementou soluções de nuvem híbrida há cerca de três anos. A empresa já tinha uma infraestrutura de TI local (on-premise), mas começou a perceber que a forma atual de se fazer negócios exigia uma agilidade que esse sistema não podia atender. “Se precisar comprar cinco servidores, por exemplo, isso tem que ir para o processo de compras, tem que negociar, verificar compliance…”, comenta ele sobre a burocracia do procedimento.

Diante do desafio, expandir a infraestrutura para incluir um sistema de nuvem pública era uma solução interessante. Mas como decidir quais dados e processos iriam para a nuvem, e quais ficariam “em casa”? A resposta é simples: custo. O Grupo Martins contava com um software que avaliava as demandas geradas por cada um dos serviços da companhia, e era capaz de realocá-los de maneira a minimizar o custo de operação.

E este não era o único fator. Segundo Melo, é necessário que cada conjunto de dados ou processos seja avaliado individualmente para que se possa decidir com mais assertividade onde alocá-lo. No caso da empresa em questão, um de seus distribuidores montou um sistema que não se adequa aos seus padrões de segurança. E como ele não podia ficar hospedado na infraestrutura interna de TI da organização, acabou sendo migrado para a nuvem pública.

Questões que se resolvem em casa

Outro exemplo da importância de se avaliar individualmente cada caso vem da Stelo, uma startup de pagamentos que negocia com gigantes como o Banco do Brasil e Itaú. Segundo a operadora de Infraestrutura de rede e segurança da empresa, Nilvia Lima, por conta da área em que atua, a Stelo precisa que alguns de seus processos de TI se adequem às normas rígidas do Banco Central. Por outro lado, a Stelo é uma startup que, com uma equipe pequena, precisa atender a diversos clientes com grande agilidade.

A melhor resposta para lidar com essas duas demandas aparentemente opostas foi uma solução de nuvem híbrida, com destaque para a modalidade ‘Bare Metal’ da IBM. Nela, o cliente tem uma máquina dedicada no servidor, e pode especificar todas as configurações dela. Isso permitiu que a Stelo se adequasse às regras do Banco Central, onde os dados precisam estar em uma máquina própria, protegida por um firewall e com diversas restrições de acesso. Como o Bare Metal oferece uma máquina dedicada, mesmo a parte mais sensível da operação da Stelo pode ser alocada externamente.

Tanto Nilvia quanto Ramon Melo concordam, porém, que alguns serviços devem preferencialmente ficar “em casa”. Um deles é o sistema de monitoramento, que mede e analisa o uso de dados por diferentes aplicações, e que constitui um serviço “fundamental para qualquer empresa”, segundo Melo. Outro deles é a estrutura de DNS, que também funciona melhor internamente.

Velocidade

Outro aspecto interessante da migração do Grupo Martins é que a organização foi o primeiro cliente da IBM a usar memória flash em seus sistemas. De acordo com Melo, essa decisão foi uma tentativa de se preparar para o futuro: “nós quisemos antecipar o grande volume de operações que vamos ter e partir já para uma tecnologia de ponta”, comentou.

Não foi uma medida apressada: o Grupo Martins já tem mais de 300 mil clientes transacionais por mês, o que gera um volume imenso de dados. E esses dados ainda passam por análise para gerar insights de negócios. A organização espera movimentar cada vez mais informações, “e isso não vai rodar na tecnologia de três anos atrás”, comenta Melo.

Nessa perspectiva, a memória flash foi uma boa solução. Além de preparar a organização para o aumento de suas demandas, também permite que os dados sejam analisados com mais agilidade. Numa era em que a computação cognitiva agrega cada vez mais inteligência de mercado, essa velocidade pode representar uma vantagem competitiva imensa.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital