Governo Trump planeja expandir uso de dados pessoais de imigrantes

Novas regras serão aplicadas a qualquer estrangeiro, não apenas imigrantes ilegais capturados; cadastramento biométrico será obrigatório para obter vistos ou até mesmo a cidadania americana
Redação03/09/2020 12h55, atualizada em 03/09/2020 13h34

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Na terça-feira (1º), a administração do governo Trump anunciou medidas ‘em favor da segurança internacional dos Estados Unidos‘. O plano é coletar dados biométricos de todos aqueles que entram no país. Essas informações serão destinadas à agência responsável pelo controle de imigração (DHS), que recentemente levantou algumas dúvidas referentes ao controle da segurança e liberdade civil.

Por meio de um comunicado oficial, o Departamento de Segurança Nacional afirmou que fará uma proposta formal para que a nova regulamentação comece a valer. Dentre os pedidos da corte, estão o aumento da autoridade e novos métodos de coleta de dados.

A Proteção de Fronteira, que é parte do órgão de Segurança Nacional, já realiza a coleta das impressões digitais, junto com o escaneamento da íris de pessoas que tentam entrar nos Estados Unidos de forma não autorizada. A comissão americana também declarou que pretende utilizar o reconhecimento facial e de voz, com objetivo de verificar as identidades de quem adentra o país. As novas regras serão aplicadas a qualquer estrangeiro, não apenas imigrantes ilegais capturados.

ReproduçãoMilhões de pessoas tentam entrar em território americano anualmente. Créditos: Shutterstock.com

Segundo o BuzzFeed, a proposta, que ainda não foi divulgada integralmente pela Segurança Nacional norte-americana, inclui uma cláusula que torna o cadastramento biométrico obrigatório para obter vistos ou até mesmo a cidadania americana.

“Essa expansão de segurança é algo memorável para os Estados Unidos da América, especialmente com a ideia de que imigrantes podem ser convocados em qualquer momento para ceder suas impressões digitais”, afirmou Sarah Pierce, analista do Instituto de Políticas de Migração.

Para que as novas políticas sejam aplicadas, serão necessários alguns meses a partir da divulgação oficial. É provável que as medidas dividam opiniões e causem descontentamentos em parte dos cidadãos americanos que questionam a coleta massiva de dados.

Exposição desnecessária de dados pessoais

No início desta semana, a Electronic Frontier Fondation, ONG que defende a liberdade civil no mundo digital, também publicou um comunicado oficial sobre as medidas propostas pelo governo. Segundo a organização, o cadastramento biométrico, ao contrário do que foi dito pela Segurança Nacional, não traz benefício algum e sim uma exposição desnecessária de dados pessoais, podendo ser utilizados a qualquer momento sem o consentimento do cadastrado.

“Com design mal feito, a identificação digital pode invadir nossas privacidades e acentuar ainda mais a desigualdade social nos Estados Unidos”, afirmou a ONG, em comunicado publicado em seu site oficial.

A instituição também acredita que as pessoas já estão moldando, indiretamente, suas identidades virtuais desde que começaram a criar contas na internet. A ONG também afirmou que existem pessoas que estão pedindo a identificação 100% online, entretanto não haveria nenhum intermediário para realizar as verificações de veracidade, colocando em risco a vida e privacidade dos cidadãos.

O governo, no entanto, não se posicionou em relação ao comunicado oficial da Electronic Frontier Foundation.

Fonte: AP News

 

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital