Um novo estudo liderado por cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, aponta que os gases de exaustão de módulos lunares podem se espalhar rapidamente pela superfície da Lua e contaminar amostras de gelo encontradas nos polos do satélite natural.

Por meio de simulações de computador, a pesquisa analisou a dispersão de vapores de água emitidos durante o pouso de um módulo de 1,2 mil kg na superfície da Lua em um local próximo ao polo-sul do astro. O exercício indicou que, em poucas horas, os gases se espalhariam por quase toda a Lua.

publicidade

O modelo apontou ainda que de 30% a 40% dos vapores persistiriam na atmosfera da Lua após dois meses, enquanto 20% seriam congelados em regiões próximas aos polos do satélite.

Preocupação

Os resultados alertam que missões de exploração espacial da Lua, como o programa Artemis desenvolvido pela Nasa, devem se atentar aos possíveis impactos da atividade humana e robótica no ecossistema do astro, bem como às consequências desses impactos na produção de estudos científicos.

A pesquisa destaca a preocupação com amostras de gelo lunar preservadas em crateras em regiões próximas aos polos da Lua. “Estes são alguns dos únicos lugares onde podemos encontrar vestígios da origem da água no interior do Sistema Solar”, disse Parvathy Prem, autora principal do estudo, em comunicado.

Reprodução

Lua cheia vista a partir da Estação Espacial Internacional (ISS), orbitando acima do Oceano Pacífico, a nordeste de Guam, na Índia. Imagem: Reprodução

Estudar essas substâncias requer a análise da composição dos gelos lunares, assim como de seus vários isótopos para investigar a provável origem desses materiais. Os gases de exaustão congelados ou da exploração humana que se acumulariam nessas regiões podem atrapalhar as medições.

De acordo com Prem, as agências espaciais podem esperar um significativo volume de gases voláteis em um raio de 100 quilômetros do local de pouso.

Já Dana Hurley, cientista planetária da Universidade de Johns Hopkins e coautora do estudo, ressalta que, eventualmente, os gases residuais vão se dissipar. Ela lembra, entretanto, que conforme o avanço da exploração espacial, as missões lunares serão mais frequentes, enquanto os módulos podem ser cada vez maiores.

Limitações

As cientistas reconhecem, porém, que o estudo apresenta algumas limitações. Uma das principais circunstâncias é de que as simulações admitem uma certa temperatura que a água interage e adere à superfície lunar. Esse limite, entretanto, ainda é incerto para a ciência.

O modelo também analisa apenas os impactos do vapor d’água, que compreende cerca de um terço dos gases de exaustão de módulos de pouso. Outras moléculas, como hidrogênio, amônia e monóxido de carbono podem se comportar de maneira distinta.

De acordo com o Prem, estudos futuros devem medir o volume de gases de exaustão durante e após as operações espaciais no satélite. Ela sugere que monitorar o destino dos gases “deve ser  uma atividade de rotina do desenvolvimento e planejamento de missões lunares”.

Via: Phys.Org