A Assespro (Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) encaminhou um ofício ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) para questionar a parceria assinada com a Cisco, empresa multinacional de soluções para redes, no desenvolvimento do projeto de avanço da digitalização no Brasil. O acordo foi feito no dia 27 de maio, quarta-feira da semana passada, em cerimônia online.
De acordo com a Assespro, o motivo do questionamento é ressaltar a necessidade de que o governo invista na produção nacional, ainda mais em meio a uma crise financeira como a que está sendo causada pela pandemia de coronavírus. “É necessário que o governo invista na produção nacional, do contrário, os efeitos econômicos e tecnológicos negativos serão sentidos pelo nosso país no futuro próximo”, escreveu a federação no ofício.
A transformação digital está acontecendo no mundo inteiro. Imagem: Metamorworks/iStock
A Assespro representa mais de 2,5 mil empresas desenvolvedoras de software no país e todas concordaram em enviar ao MCTIC as seguintes perguntas:
- I – Quais os termos desse acordo?
- II – Houve a publicação de um edital de chamamento público para apresentação de propostas similares de acordo?
- III – Quais dados e informações que o governo brasileiro irá disponibilizar para a Cisco?
- IV – As soluções desenvolvidas por outras empresas, nacionais ou não, deverão ser submetidas a aprovação para Cisco para atingir o mínimo de operabilidade?
- V – Qual o montante de investimento, de pessoal e capital financeiro, que será empenhado neste projeto, tanto da parte do governo brasileiro, quanto da Cisco?
- VI – Quais são os impactos desse acordo para as empresas nacionais de TI, startups e de inovação?
Outras entidades e opositores também querem esclarecimentos
Na mesma direção da Assespro, opositores no Congresso Nacional cobraram do governo esclarecimentos sobre a parceria firmada entre MCTIC e Cisco. As manifestações tiveram como destino o próprio MCTIC, a Procuradoria Geral da República, o Tribunal de Contas da União e o Itamaraty.
O presidente da Asteps (Associação de Startups e Empreendedores Digitais do Brasil), Hugo Giallanza, também expressou sua preocupação ao enviar para Marcos Pontes, o ministro do MCTIC, carta para lembrar que a pasta costuma seguir uma trilha democrática que “agora toma um caminho oposto, quando mais o país precisa de novos investimentos. Em plena pandemia, oferecer robustas fatias a gigantes tira pedaços que deveriam fortalecer a inovação verde-amarela”.
A Cisco se posicionou dizendo que cabe ao MCTIC fazer os esclarecimentos e completou garantindo que o acordo se baseia em um compromisso de responsabilidade que a empresa tem de ajudar países em seus processos de transformação digital. No total, 34 países feharam acordo com a Cisco.
Por ora, MCTIC e Cisco não informaram nada a acerca dos custos da parceira.
Via: TeleSíntese