Entenda a ideia da Microsoft e do Facebook de substituir apps por robôs

Equipe de Criação Olhar Digital31/03/2016 21h34

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Muitos creditam a Apple pela revolução do smartphone com o lançamento do iPhone. A história é um pouco diferente, no entanto. Apesar de o iPhone ter ditado o formato padrão da indústria, com telas maiores e teclados virtuais em vez de físicos, o que realmente mudou o mundo foi outro serviço da empresa, a App Store.

A loja foi o que tornou o smartphone realmente útil para as pessoas comuns e tornou o formato atraente e rentável para desenvolvedores. Antes, instalar um novo aplicativo em um celular era um processo longo, árduo e complexo, e foi profundamente simplificado. Foi aí que começou a era dos apps.

De lá para cá, 8 anos se passaram, e o formato continua igual, basicamente replicado no Android, no Windows. Mas, finalmente, em 2016, as coisas estão mudando. E é aí que entram os robôs da Microsoft e do Facebook.

Os robôs são os novos apps?

Durante a Build 2016, a Microsoft deixou clara sua intenção de implementar a inteligência artificial que vem desenvolvendo como a nova forma de interagir com serviços e empresas. Em vez de tocar na tela, clicar em botões, você pode dar comandos de voz ou em texto para um robô do outro lado, que pode completar a ação que você solicitou.

Isso acontece no momento em que os aplicativos de mensagens se tornam alguns dos mais populares em celulares ao redor do mundo. WhatsApp, Facebook Messenger, Line, Viber, Skype, Telegram… As pessoas já estão acostumadas a conversar pelo celular, então por que não aproveitar esta tendência?

Esse panorama, unido à evolução da inteligência artificial e do processamento de linguagem natural, faz com que a possibilidade de conversar com robôs online seja uma realidade muito próxima. No entanto, a Microsoft espera que o usuário não precise entrar diretamente em contato com os robôs criados pelas empresas, apresentando um cenário em que a assistente Cortana faz a mediação entre usuário e os serviços. Quer pedir uma pizza? Peça a Cortana. Quer reservar um hotel? Peça a Cortana. A ideia da empresa é que cada vez menos seja necessária a intervenção humana neste processo, deixando a assistente e os robôs se acertarem por conta própria.

Essa visão é surpreendentemente similar à do Facebook. A rede social quer aplicar este mesmo conceito no Messenger, permitindo que usuários interajam com empresas e serviços diretamente pelo aplicativo. A diferença é que a empresa de Zuckerberg ainda não apresentou uma plataforma de inteligência artificial para que outras companhias possam criar seus robôs. Mesmo assim, a ideia ainda é bem parecida, ao ponto de a KLM, a empresa aérea, já ter começado a levar os seus serviços para o Messenger. Outras empresas devem fazer o mesmo.

A situação é ainda mais parecida quando lembramos que o Facebook está desenvolvendo o assistente M (sim, o nome é só uma letra mesmo). Ele está em fase de testes e disponível para poucas pessoas, mas onde ele já existe, faz o mesmo trabalho da Cortana para mediar as intenções do usuário e serviços e empresas online. O assistente M aparece para os usuários como se fosse mais um contato no aplicativo, e é muito provável que a companhia abra esta possibilidade para outras empresas se comunicarem com seus clientes da mesma forma.

Por quê?

Para a Microsoft, é fácil entender a mudança de esforços. A empresa perdeu a disputa no mobile. O Windows Phone é um fracasso, que nunca atraiu público nem desenvolvedores, que tem visto sua participação já pequena diminuindo trimestre após trimestre. A empresa não pode se dar ao luxo perder o bonde da próxima tendência tecnológica. Então a empresa precisa ditar a próxima tendência.

A vantagem dos robôs, para a Microsoft, é a de não depender mais do Windows Phone. A assistente Cortana estará presente no Android e no iOS também. Além disso, a empresa espera que os desenvolvedores criem seus robôs usando a plataforma de inteligência artificial do Azure, da própria Microsoft, permitindo que a empresa comece a lucrar nos sistemas dos rivais.

Para o consumidor, a diferença deve ser novas formas de interação, que dependa cada vez menos da sua própria intervenção e da sua intimidade com a tecnologia. Afinal de contas, por mais intuitivo que possa parecer tocar em uma tela de vidro para pedir uma pizza pela internet (ou qualquer outra tarefa), uma parcela grande da população mundial não tem essa habilidade. Para estes ainda pode ser mais fácil falar “entregue duas pizzas de peperoni na minha casa”; a diferença é que do outro lado estará uma inteligência artificial, e não um atendente humano.