O que é um blockbuster? Na tradução literal, um arrasa-quarteirão. Mas que nível de sucesso precisa fazer para ser considerado um blockbuster? Depende da época e do apelo comercial do filme.
Hoje em dia, quando a maior parte dos blockbusters é de filmes de super-herói, fica difícil entender que um filme como “O Poderoso Chefão” (1972), de Francis Ford Coppola, foi um passaporte importante para uma espécie de blockbuster moderno.
A ideia mais corriqueira é que blockbuster é filme para grande público, que normalmente é detestado pelos críticos. Essa é uma ideia que ainda encontra grande eco, apesar de uma geração de críticos de internet, surgida na virada dos anos 1990 para os anos 2000, ter defendido sob o prisma formal dos Cahiers du Cinéma (a bíblia da crítica francesa), diversos blockbusters contemporâneos, de “As Panteras” a “Hulk”, passando pelos três primeiros longas da franquia “O Exterminador do Futuro” e por filmes como “Titanic” e “Avatar”.
O fato é que um blockbuster pode ser bom cinematograficamente falando, como já mostrava “O Poderoso Chefão”, cujo apelo era tanto que a Paramount resolveu fazer um lançamento maciço para se aproveitar do sucesso do livro de Mario Puzo que o originou.
Como um guia, aqui vão sete bons (alguns ótimos) blockbusters do século 21.
As Panteras (McG, 2000)
Muitos consideram a continuação, “Panteras Detonando”, melhor, mas este é cheio de charme, com um grande mérito na escolha das três atrizes e uma deliciosa porção de filme B.
O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas (Jonathan Mostow, 2003)
Um assombro de filme que dialoga de maneira inteligente e crítica com os filmes de Cameron (os dois primeiros) e mostra o verdadeiro horror da dominação da máquina.
Hulk (Ang Lee, 2003)
Não conheço melhor homenagem ao universo das histórias em quadrinhos do que este filme formidável de Ang Lee. Provavelmente é o melhor blockbuster do século 21 até aqui.
Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith (George Lucas, 2005)
Desde que Star Wars foi reiniciado, este é o melhor (talvez o único realmente bom) entre todos os filmes feitos, incluindo os “spin-off”. Fazia tempo que Lucas não demonstrava tanto empenho na direção (os dois anteriores serviram para tirar a ferrugem).
Avatar (James Cameron, 2009)
Apesar de não estar entre os melhores filmes de Cameron, é ainda assim um blockbuster de respeito, em que os efeitos especiais de ponta não soterram o drama.
Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller, 2015)
Filme pós-apocalipse ideal para ver em tempos de corona. Será que chegaremos a esse ponto? De todo modo, o veterano Miller, diretor dos outros longas da série, demonstra que não perdeu nada de sua habilidade.
Capitã Marvel (Anna Boden, Ryan Fleck, 2019)
Um dos melhores filmes do Universo Marvel, com uma protagonista brilhante (Brie Larson). É também o blockbuster que melhor lida com as ideias de inclusão e representatividade.
* Sérgio Alpendre é crítico e professor de cinema