Por meio de uma técnica chamada tomografia de sonda atômica (APT), pesquisadores da Universidade de Chicago (EUA) descobriram um método para extrair o máximo de informações de amostras da superfície lunar.

O processo permite aos cientistas estudarem os átomos presentes nessas substâncias a partir de pedaços nanoscópicos do solo da Lua. Com investigações mais aprofundadas sobre os objetos, a técnica permite aos cientistas racionarem o uso dos estoques limitados de amostras lunares à disposição da ciência

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“Há 50 anos, ninguém imaginaria que seria possível sequer analisar uma amostra usando essa técnica, ainda mais a partir de um material com propriedades menores que um grama”, disse o geofísico Phillip Heck, da Universidade de Chicago. “Centenas desses fragmentos poderiam estar nos equipamentos de um astronauta e isso poderia ser material suficiente para um estudo”, completou Heck.

Antes de tudo, foi preciso “esculpir” a amostra no tamanho ideal. Para isso, o grupo de pesquisadores utilizaram um raio de átomos carregados sobre uma rocha lunar, que separaram os pedaços nanoscópicos da espessura de uma agulha. Philip Heck apelidou a técnica de “nano carpintaria”. “Como um carpinteiro trata a madeira, nós fazemos isso com minerais nanoscópicos”, disse.

Em seguida, os cientistas recorreram a raios laser para forçar o deslocamento dos átomos da amostra e observaram seus movimentos até eles atingirem uma placa.

Reprodução

Foto: Karl Mills/Scientific Photo Arts/NASA

Quando estimulados, os elementos apresentam comportamentos distintos, e é isso que permitiu aos pesquisadores definirem a composição e a textura do material lunar. Por exemplo, o ferro leva mais tempo para atingir a placa detectora do que o hidrogênio, uma vez que corresponde a uma substância mais pesada.

Os autores do estudo afirmam que essa é primeira vez que ciência consegue detectar os tipos de átomos e suas exatas localidades em um pedaço de poeira lunar tão pequeno. O experimento usa tão pouco material que as rochas originais ficam quase intactas.

Avanço científico

Os resultados convenceram a Nasa a financiar uma pesquisa de três anos sobre materiais lunares usando a técnica APT. O objetivo é quantificar a presença de água, bem como descobrir novas informações sobre a influência do clima espacial na superfície da Lua. 

Recentemente, pesquisadores apontaram que o astro contém grandes reservas de água em camadas de subsolo profundas; e se o estudo da Universidade de Chicago conseguir coletar evidências disso em seus experimentos com as poeiras lunares, já seria um avanço significativo para a ciência.

Diferente da Terra, a Lua não tem uma atmosfera para se proteger. O espaço apresenta um ambiente hostil, especialmente devido aos raios solares infinitos repletos de radiação. A ciência aponta que o solo da lua sofre alterações por conta do clima espacial. Ao detectar como a superfície do astro mudou, os pesquisadores esperam entender ainda mais sobre a composição do solo lunar. 

Fonte: Science Alert