Novo tipo de “pele artificial”, criada por um grupo de engenheiros da Universidade de Stanford, tem sensores que conseguem imitar com precisão e de forma eficiente sensações como o toque. Inseridos em um circuito impresso extensível, nos testes eles conseguiram sentir pressão e transmitir a informação diretamente para neurônios de um rato.

Esses pesquisadores publicaram nesta quinta-feira, 15, um estudo sobre o assunto na Science. Eles afirmam que isso poderá, no futuro, ser usado em próteses para fazer com que as pessoas que as usam consigam fazer com que essa prótese interaja com o mundo de forma mais semelhante a de um membro real.

Como era?

Criar uma pele artificial que reproduza ao menos algumas das habilidades da pele real foi um dos objetivos deles nos últimos anos, mas isso não foi uma tarefa fácil. As ideias mais promissoras envolviam circuitos flexíveis e sensores que conseguissem detectar alongamento, calor, pressão, entre outras coisas. Mas o grande problema estava em fazer essa informação ser registrada pelo cérebro.

Um dos autores do estudo, Alex Chortos, contou que para transmitir a informação da pele artificial era preciso coletar os sinais que fossem análogos e usar um computador ou um microcontrole para transformá-los em algo que o corpo humano pode processar. A questão é que essa tradução adicionava alguns “barulhos” imprecisos à informação que o cérebro recebe, o que requer mais energia.

Essa nova pesquisa

Para tentar acabar com isso, o time de engenheiros de Stanford teve a ideia de mudar a forma como o sensor trabalha. Eles então criaram um outro tipo de sensor, que combina um circuito elástico impresso com uma camada de nanotubos de carbono, que quanto mais comprimidos, mais eletricidade produzem.

Esse sensor cria uma série de pulsos elétricos discretos que, em próteses ligadas a um corpo vivente, pode transmitir a informação por impulsos elétricos diretamente para o cérebro, que poderá registrá-la.

Para fazer os testes eles usaram um sistema diferente, chamado optogenética, onde as células são modificadas genéticamente para dar uma resposta à luz. Dessa forma, o sensor era ligado a um LED que brilhava por causa das pulsações, o que ativava neurônios de ratos. Apesar de o teste não dizer exatamente o que a pele “sente”, mostra que os sensores podem interagir com as células do cérebro com sucesso, mesmo se elas estiverem em uma placa de Petri.

“Por comunicar informação da mesmo forma que o corpo humano, isso faz com que esse tipo de pele artificial seja mais compatível com o corpo humano”, afirmou Chortos. Apesar disso, ele avisa, entretanto que ainda é muito cedo para dizer que esse será o caminho que as próteses tomarão: “Como qualquer tecnologia, existem pontos fortes e fracos”.

Próximos passos

A partir de agora eles pretendem fazer sensores impressos individuais que sejam menores, que estão sendo chamados de “pixels”. A razão para isso é que mais deles possam se encaixar em um único lugar, para que a sensação de pressão fique mais refinada. Apenas depois disso que eles pretendem testar em um animal vivo ao invés de em células corticais.