A prisão do executivo do Facebook no Brasil, a pressão do governo americano, via FBI, para que a Apple quebre a segurança de seu iPhone, a inflação no Brasil e as taxas de juros negativas no Japão e em países europeus são eventos aparentemente não inter-relacionados. Entretanto, eles me lembram uma experiência que tive em 2006.
Eu aplicava coaching a um executivo de uma empresa do interior quando ele me contou sobre sua trajetória no setor público antes de ir para a siderurgia. Dizia que, como jovem arquiteto, ingressou no setor responsável por liberar obras na cidade. Entretanto, como sua produtividade era muito maior que a de seus pares, começou a receber elogios de seu chefe e reprimendas dos colegas de trabalho. Pois, se ele produzia muito mais que eles, isso seria exigido de todos, e ninguém queria trabalhar mais. Com o tempo, a pressão por sua saída ficou insuportável, e ele decidiu mudar de área.
É um exemplo de punição da virtude. Os dias atuais estão repletos deles, principalmente por parte de governos. Isso é motivo de muito estresse, perda de energia e preocupação com o futuro. A causa disso é que abandonamos a responsabilidade de proteger os indivíduos e organizações que são exemplos de virtude, e que deveriam servir de norte para progredirmos como indivíduos e países.
O ser humano não nasce com o conhecimento necessário à sua sobrevivência. Ele precisa adquirir ao longo do tempo um código de valores que possibilite viabilizar a vida que deseja. Valor é tudo aquilo que a pessoa deseja ganhar ou preservar. E, para obtê-lo, precisa de ações, que são as suas virtudes. E que devem ser incentivadas, não punidas.
Se alguém deseja ser produtivo, para atender mais pessoas que esperam o resultado de seu trabalho, punir a produtividade é punir sua virtude. Se empresas desejam inspirar confiança, puni-las por proteger o sigilo das mensagens de seus clientes é punir sua virtude.
Se alguém deseja poupar para investir ou ter uma vida digna no futuro, gerar inflação ou impor taxa de juros negativa é punir sua virtude. Por que estamos punindo a virtude?
Ao fazê-lo, sobram como exemplo, para as futuras gerações, pessoas que querem obter seus valores sem ônus ou esforço: os saqueadores e os pedintes. Como as próximas gerações construirão seu destino com esses exemplos?
Temos, portanto, de incentivar as pessoas a ser mais produtivas, poupar mais para investir, proteger os indivíduos, o livre mercado e a moeda sólida. Somente assim entregaremos virtudes para que a próxima geração construa para si as soluções que deseja para obter seus valores mais preciosos. Se não o fizermos, deixaremos o mundo para quem desprezamos. Portanto, defenda e promova aqueles que vivem por meio de suas virtudes.
Vamos em frente!