É uma semana interessante nos cinemas. A começar pelo novo filme de Ari Aster. Com título brasileiro meio ridículo, O Mal Não Espera a Noite – Midsommar, em que o nome original surge depois de sua tradução livre, contrariamente ao que sempre acontece, trata-se de um longa tido como superior ao anterior do mesmo diretor, Hereditário. Sabemos que raramente se perde dinheiro com filme de horror. Quando é vagabundo, provavelmente veio barato, dentro de um pacote que tinha filmes melhores (ou um grande filme que compensa a compra do pacote). A força do gênero é o que torna esse longa uma das estreias mais esperadas dos últimos meses.
Mas há também o quinto filme com o personagem Rambo, imortalizado por Sylvester Stallone nos anos 1980. Dirigido por Adrian Grunberg e já considerado bastante violento (apesar da indicação para maiores de 12 anos), Rambo – Até o Fim, tem uma promessa no título. Mas as promessas só foram vingadas no primeiro Rambo, o único que vale a pena ser revisto. Ainda assim, Stallone não precisa provar nada para ninguém, e seu nome é ainda um atrativo.
Vale destacar ainda o surpreendente filme brasileiro Os Jovens Baumann, de Bruna Carvalho de Almeida. Trata-se de uma ficção rodada como um filme de “found footage”, ou seja, imagens encontradas, para narrar a história do desaparecimento de oito primos durante uma viagem de verão à fazenda da família, no sul de Minas Gerais. A maneira como a diretora opera as imagens de VHS, com aquela textura especial e a falta de definição traduzida em charme, faz valer este filme que só não é melhor porque a narração entrega muito para o espectador.
Vale conferir o uruguaio Meu Mundial – Para Vencer Não Basta Jogar, de Carlos Andrés Morelli, sobre uma promessa do futebol que tem a carreira abortada muito cedo. Típico filme de autoajuda, pela sinopse. Mas o cinema uruguaio tem nos reservado algumas surpresas nos últimos anos. Pode ser uma boa companhia para o documentário brasileiro Uruguai na Vanguarda, de Marco Antonio Pereira, sobre o avanço social do país vizinho nos últimos anos, enquanto o Brasil insiste em andar para trás.
Por falar em atraso e Brasil, o importante Torre das Donzelas, de Susanna Lira, fala de tortura durante a ditadura militar, com relatos de Dilma Rousseff e de suas companheiras de cela. Um hino pela resistência, contra a barbárie da tortura.
E depois de Yesterday, outro filme inglês tem a música de um astro do rock como centro. Desta vez é Bruce Springsteen, músico americano que serve de inspiração para um adolescente na difícil Inglaterra de 1987. O título brasileiro é pouco imaginativo: A Música da Minha Vida. Melhor atentar para o original, que remete a um dos maiores sucessos de Springsteen: Blinded By the Light. O resultado, porém, é tão desanimador quanto Yesterday.
Há ainda o francês Branca como a Neve, de Anne Fontaine, diretora que cresceu bastante nos últimos anos, com a sempre carismática Isabelle Huppert. Ou o italiano Dafne, de Frederico Bondi, que chega com elogios de parte da crítica internacional. Ou ainda o americano Depois do Casamento, de Bart Freundlich, que é credenciado por um elenco que reúne Michelle Williams e Julianne Moore.
Completam a enorme lista de estreias a animação francesa Asterix e o Segredo da Poção Mágica, de Louis Clichy e Alexandre Astier; o documentário americano Longe da Árvore, de Rachel Dretzin; e o drama espanhol O Maior Presente, de Juan Manuel Cotelo.