Um oftalmologista de Stanford decidiu inovar suas consultas e criar um sistema de inteligência artificial (IA) que pudesse acompanhar pacientes, como por exemplo o desenvolvimento de um glaucoma. Para incentivar a aderência de pessoas à pesquisa, Robert Chang, está oferecendo dinheiro em troca de dados médicos. 

Quando teve a ideia, Chang encontrou um obstáculo: inserir dados apenas de seus pacientes não era suficiente para suprir o aprendizado de máquina, considerando que muitas vezes o algoritmo de IA precisa de milhares ou milhões de pontos de comparação.

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A princípio, Chang apelou para colaboradores em outras universidades. Ele foi para os registros de doadores, onde as pessoas voluntariamente trazem seus dados para os pesquisadores usarem. Mas logo ele atingiu uma parede. As informações de que ele precisava estavam presas em regras complicadas para compartilhar dados. “Eu estava basicamente implorando por dados”, disse.

Ainda assim, Chang não desistiu. Ele começou a trabalhar em uma solução para o problema dos dados junto com Dawn Song, professora da Universidade da Califórnia-Berkeley, para criar uma maneira segura de os pacientes compartilharem seus dados apenas com a IA, sem passar pelos pesquisadores.

Como funcionaria o compartilhamento de dados?

Um rede de computação de nuvem criada por Song chamada Oasis Labs foi projetada para que os pesquisadores nunca vissem os dados dos pacientes. Assim, eles são meramente utilizados para treino da IA e não correm riscos de serem mal utilizados pelos responsáveis pela pesquisa.

Song acredita que, para que a propriedade dos dados funcione, todo o sistema precisa ser repensado. Os dados precisam ser controlados pelos usuários, mas ainda utilizáveis para os outros. “Podemos ajudar os usuários a manter o controle de seus dados e, ao mesmo tempo, permitir que os dados sejam utilizados de maneira preservadora da privacidade para modelos de aprendizado de máquina”, diz ela.

Conheça a KARA

Neste mês, Song e Chang estão iniciando um teste do sistema que eles chamam de Kara, em Stanford. Ela funciona a partir de um sistema conhecido como visibilidade parcial. Vamos supor que os pacientes enviem fotos de seus dados médicos- digamos, um exame de olhos- e pesquisadores, como Chang, as enviem para os sistemas de IA que precisam de dados para treinar.

Tudo isso será armazenado na plataforma baseada em blockchain do Oasis, que criptografa e anonimiza os dados. Como todos os cálculos acontecem dentro dessa “caixa preta”, os pesquisadores nunca veem os dados que estão usando.

Para incentivar as pessoas a tirarem fotos de seus registros médicos e participarem da pesquisa, Chang está oferecendo dinheiro para os participantes. Embora isso possa parecer tentador, usuários ainda podem ter dúvidas sobre a segurança do sistema. Mas para isso, eles terão apenas que confiar nos pesquisadores.

Fonte: Arstechnica