Mais de meia dúzia de funcionários atuais e antigos da Tesla afirmam que as metas agressivas de produção forçaram os trabalhadores a tomar atalhos na produção dos carros, segundo reportagem da CNBC. Eles também acusam a empresa de criar condições de trabalho insalubres, especialmente para os funcionários que trabalham na barraca de produção “GA4”, onde a montagem não é totalmente automatizada.

Os funcionários alegam que fita isolante é utilizada para consertar peças de plástico que quebram e que, muitas vezes, um carro sai sem algumas porcas ou parafusos porque a pressão para cumprir metas de produção impõe limites de tempo irracionais. Eles também alegam que a Tesla encorajou seus funcionários a trabalhar em condições extremas, incluindo um ambiente excepcionalmente quente e seco durante o dia e frio e úmido durante a noite.

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Foto enviada à CNBC

Recentemente a Tesla estabeleceu um novo recorde de produção, porém as acusações, que surgiram logo depois, revelam o preço a pagar por isso. Além das más condições de trabalho, a fabricante de carros teve que cortar outros custos, o que prejudicou a qualidade de seus automóveis.

O principal problema parece ser essa barraca de produção “GA4”. Ela era para ser uma linha de montagem temporária, que foi construída para atingir a meta ambiciosa de Musk de produzir 6.000 carros Model 3 por semana, até junho do ano passado. Entretanto, mais de um ano depois, ela continua funcionando. A Tesla já foi multada em quase US $ 30.000 por riscos de segurança relacionados à barraca. Ela é supostamente responsável por cerca de 20% de toda a produção do Model 3.

Funcionários antigos e atuais forneceram fotos à CNBC, comprovando alegações do uso de fita isolante e da falta de parafusos em alguns carros fabricados. Segundo eles, o tempo frio às vezes pode quebrar componentes de plástico, e quando isso acontece eles afirmam que fita isolante comprada no Walmart é responsável por cobrir as rachaduras.

Além disso, uma fotografia fornecida mostrou a falta de uma porca em um bloco de distribuição de energia, que pode aquecer e causar problemas se não estiver devidamente protegido. Respondendo às imagens, a Tesla disse à CNBC que muitas peças vêm dos fornecedores com fita pré-aplicada, e que a aplicação de fita isolante para reparar danos “não é um procedimento aprovado”.

A temperatura também é citada no relatório da CNBC como sendo um problema dentro da tenda de produção, localizada fora da Gigafactory, em Nevada. Os ventiladores que deveriam esfriar o local são muito pouco utilizados ou nem funcionam, levando a casos de exaustão por calor dos funcionários. A tenda também fica fria à noite, por isso os funcionários precisam usar várias camadas de roupas. Alguns até tentam se aquecer usando lâmpadas de calor destinadas à linha de produção.

A maioria das pessoas com quem a CNBC conversou preferiu manter-se anônima, mas dois ex-funcionários, Carlos Aranda e Maggie Aranda, contaram sua versão, que corrobora a história de outras fontes. Maggie já havia criticado a Tesla em comentários feitos ao The Guardian por demiti-la quando ela estava usando o celular no trabalho para contatar o marido, que estava de licença médica na época.

Porém, segundo a Tesla, esses testemunhos são inverídicos. A empresa afirmou que “equipes de inspeção dedicadas rastreiam cada carro em todas as etapas da linha de montagem, e cada veículo é submetido a um processo adicional de controle de qualidade no final da linha”. Segundo eles, isso se aplica também à barraca GA4.

“Nós trabalhamos duro para criar um ambiente de trabalho que seja o mais seguro, justo e divertido possível, e é incrivelmente importante para nós que os funcionários estejam ansiosos para vir trabalhar todos os dias. Na verdade, temos um grande número de funcionários que pedem para trabalhar no GA4 com base no que ouvem dos colegas e no que viram em primeira mão”.

Fonte: CNBC