Polícia alemã desmantela o segundo maior site de venda de drogas na deep web

Operação também apreendeu mais de 550 mil euros em dinheiro e mais uma pequena fortuna não identificada em criptomoedas
Renato Santino04/05/2019 00h39

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As autoridades estão cada vez mais atentas ao mercado de produtos e serviços ilegais que acontece nas camadas mais profundas da deep web. Agora foi a vez de uma operação liderada pelas forças policiais na Europa derrubarem o Wall Street Market, descrito como o segundo maior marketplace ilegal na dark web, e prenderem suspeitos de operarem o site.

Esse é mais um capítulo das dança das cadeiras pelo comércio de serviços ilegais na deep web depois do fim da Silk Road, extinta em 2013, e que se aproveitou por muito tempo da ignorância das autoridades para lidar com o anonimato proporcionado pelas criptomoedas e pela rede Tor. De lá para cá, nenhum site conseguiu se estabelecer por muito tempo sem ser desmantelado.

A polícia alemã prendeu os suspeitos de operarem o Wall Street Market e também conseguiu confiscar os servidores que mantinham a página no ar. Junto da prisão, foram apreendidos mais de 550 mil euros em dinheiro e um valor não especificado em criptomoedas: segundo o comunicado, a quantia em Bitcoins e Monero equivale a seis dígitos em euros.

O Wall Street Market, de acordo com a Europol, já tinha mais de 1 milhão de usuários que adquiriam todo tipo de coisas ilícitas por meio da plataforma. Isso inclui, por exemplo, drogas, malwares e outros tipos de serviços criminosos. Ao total, estima-se que cerca de 5.400 pessoas anunciassem seus produtos por meio do WSM.

O site ZDNet também nota que a operação aconteceu em um momento curioso e conturbado da história da plataforma de comércio ilegal. Isso porque, ao que tudo indica, os administradores do site estavam preparando o chamado “exit scam”, que é um termo bastante conhecido na comunidade de criptomoedas: é quando alguém simplesmente some e desaparece com o dinheiro dos usuários. No caso, os administradores do Wall Street Market pretendiam sumir do mapa e levar o dinheiro dos vendedores.

A ação evasiva, ao que tudo indica, tem a ver com essa dança das cadeiras da deep web. Recentemente, uma operação fechou o Dream Market, que era o maior site de comércio de drogas e outros serviços na camada obscura da internet até o mês passado. Como compradores e vendedores não foram presos, eles apenas migraram para outra plataforma, o que causou um grande fluxo de novas pessoas acessando o Wall Street Market.

Diante do novo público e grande atenção que o site estava recebendo, os donos do site começaram a preparar o golpe para sumir. Quando os vendedores notaram que o dinheiro havia sumido, as autoridades alemãs decidiram executar os mandados de busca e apreensão para evitar perder o rastro dos suspeitos.

O fechamento do Wall Street Market é mais um exemplo de operação policial bem sucedida na deep web, e elas têm se multiplicado nos últimos anos, mesmo com o anonimato que o Tor proporciona. As técnicas para chegar até os suspeitos variam: em um dos casos, as autoridades tomaram o controle de um dos maiores sites de comércio ilegal na deep web e mantiveram a operação funcionando por algum tempo com criptografia fragilizada para obter informações sobre usuários. Ao mesmo tempo, eles fecharam um outro site concorrente, o que fez com que muitos corressem para a plataforma controlada pela polícia, aumentando o número de pessoas atingidas pela investigação.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital