On Managing Yourself é o nome do livro que estou lendoO livroainda sem tradução para o português, compila dez artigos da publicação Harvard Business Review sobre gestão pessoal, com temas relacionando a produtividade, tempo, resiliência, energia pessoal, liderança e outros mais.  Dois artigos particularmente despertaram minha atenção:  How Resilience Works (Como funciona a resiliência)e Manage Your Energy, Not Your Time(Administre sua energia e não o seu tempo).

Ambos os artigos destacam o cuidado com a saúde psicológica que as empresas estão começando a dispensar a seus colaboradores. Essa é uma tendência que deve ganhar força num futuro próximo. Em breve, veremos um movimento por parte das empresas para implantar programas de ajuda psicológica em escala aos seus colaboradores. Esse tipo de programa traz benefícios diretos às corporações e ajuda a reduzir a sinistralidade dos seguros de saúde.

Quem já assistiu à série Billions, da Netflix, sobre mercado de capitais, poder e política, teve a oportunidade de conhecer o tema coaching de performance. Esse processo que ajuda o profissional a melhorar o seu desempenho e aumentar os seus resultados no trabalho é muito comum nos hedges funds norte-americanos, para dar suporte aos agentes de mercado nos momentos de estresse, que não são poucos. 

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Você pode pensar: como são altruístas os gestores desses fundos de investimentos. Não é bem assim. Os coaches (treinadores) são orientados a “arrancar” o máximo de cada profissional. Melhores fundos atraem mais capital, que atraem melhores talentos e assim por diante, formando um ciclo virtuoso.  Os gestores desses fundos sabem que doenças mentais e emocionais prejudicam a produtividade causando perdas financeiras ao negócio. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o prejuízo provocado por essas doenças na economia global supera  US$ 3 trilhões. 

Na atual configuração do mercado de trabalho as pessoas são cobradas  diariamente por resultados, as empresas  querem se posicionar à frente da concorrência, os gestores precisam alinhar seus times e os CEOs muitas vezes não sabem a quem recorrer para buscar orientação. Para que a engrenagem continue funcionando é preciso, acima de tudo, manter a saúde dessas pessoas, pois sem elas não há movimento, não há geração de valor, não há vendas, não há atendimento, não há inovação, não há produtividade, não há negócios.

Algumas empresas estão começando a entender a importância de oferecer apoio psicológico aos profissionais. Algumas delas já saíram na frente, como no mercado de startups e venture capital.  Sediada na Califórnia, o Felicis Ventures, que investe em mais de 20 empresas avaliadas em cerca de US$ 1 bilhão, se comprometeu a destinar uma parcela de recursos para custearsessões de coaching de liderança e programas de desenvolvimento para gestores de startups. 

O mundo corporativo começa a despertar para a importância e a estreita relação entre a saúde psicológica e saúde corporal, o que já havia sido percebido na Roma antiga  pelo  filósofo Juvenal, autor da famosa citação Mens Sana in Corpore Sano (mente sã, corpo são). 

A pressão no mercado de trabalho por resultados cada vez maiores e a necessidade de manter o time saudável, tanto a mente quanto o corpo, está criando oportunidades de negócios no mundo das startups.  As plataformas de telepsicologia ou terapia online têm muito a contribuir para melhorar esse processo. Elas são a escala que faltava na cadeia, para que as empresas pudessem dar ampla cobertura aos profissionais –  afinal Wendy Rhodes, coach performance do seriado Billions, só existe uma.

Hoje psicólogos renomados estão aderindo a esse novo modelo de atendimento, em que todas as partes envolvidas ganham em agilidade e capacidade de entregar resultados.  Aqui no Brasil, Vittude e ZenKlub, são duas plataformas que atuam nesse segmento de atendimento psicológico online.  As academias de ginástica já provaram que do corpo todos têm interesse em cuidar, agora é hora de cuidar da mente.