É fato que vivemos uma cultura ligada a convenções – foi preciso desenvolver esses mecanismos para definir regras e estimular o aprendizado. Do contrário, haveria um cenário de caos no qual cada um faria o que bem entendesse. Mas flexibilizar é, mais do que nunca, a palavra da vez – principalmente no mercado de trabalho. As startups são um claro exemplo disso, pois chegaram para nos ensinar desde a redefinição de como podemos responder às nossas necessidades básicas, como comunicação ou locomoção, até outras mais complexas, como relacionar-se com o outro.
Cada um tem um estilo de vida, horários biológicos diferentes, gostos e hábitos distintos. Nós, profissionais, queremos que essas individualidades sejam respeitadas no ambiente de trabalho. Ainda não é comum que essas características sejam atendidas de forma tão personalizada, mas a verdade é que, com as novas tecnologias, essa já é justamente a tendência. É exatamente aí que mora a complexidade: nós queremos mudanças, mas quando elas chegam, muitas vezes, não estamos preparados. Já parou para pensar nisso?
O processo é assim: o comportamento social se transforma, o mercado identifica a necessidade de adaptação, a mentalidade das empresas muda e a cultura corporativa acompanha toda essa evolução. No último ano, segundo o Ministério do Trabalho, o mercado mostrou sinais de recuperação com mais de 500 mil vagas criadas. A maior parte delas ainda nos moldes mais tradicionais, é verdade. Mas uma parcela já representa oportunidades geradas dentro de novos modelos de negócios.
Já em 2019, ao menos nas startups, a geração de trabalho segue o mesmo ritmo. Em janeiro, a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) anunciou que o ecossistema abriu mais de três mil postos de trabalho no país inteiro. Só na plataforma de vagas do Cubo Itaú existem, atualmente, mais de 50 startups com mais de 260 oportunidades disponíveis para diversas atividades. A questão é que elas não são preenchidas com tanta facilidade.
Para muitos leigos, startup virou sinônimo de robotização, ou algo que “substitui” a sua função, quase como se essas empresas andassem sozinhas ou não fossem geridas por seres humanos. É exatamente o contrário. As startups trouxeram uma nova forma de solucionar demandas mercadológicas que agrega, e muito – quem diria – ao desenvolvimento profissional.
Estamos falando de empresas que dependem de mão de obra extremamente qualificada, afinal lidam com problemas muito específicos. Mas, ao mesmo tempo, não se prendem a convenções como horário fixo, dress code, estilo de vida, local de trabalho ou formação acadêmica. Desde que o profissional esteja apto a realizar determinada tarefa e a faça bem feito, que significado tem sua origem estudantil, o horário que prefere trabalhar ou a roupa e o corte de cabelo que o faz se sentir mais à vontade?
Tampouco podemos ignorar a relevância dessa nova Economia. Aquela que valoriza a experiência das pessoas acima de 50 anos, o que pode ser uma solução para aqueles que não se sentem encaixados nas funções disponíveis no atual mercado de trabalho, mas que demonstram habilidades para exercer diversas outras atividades com excelência. Isso é fazer a diferença para a sociedade como um todo, além de promover uma recuperação qualitativa do emprego no país inteiro.
Ainda não sabemos como o mercado vai se comportar neste ano ou no próximo, quantas vagas serão criadas ou até mesmo quais serão as exigências. Mas vale se desprender do tradicional e ficar atento às novas demandas que precisamos atender. E essas necessidades são as nossas necessidades – lembre-se que você, seu filho, sua amiga também são os clientes que as empresas procuram conquistar. Cada player tem sua função nessa trajetória. Seja grande empresa, startup ou profissional autônomo, uma coisa todos têm em comum: é imprescindível ter a mente aberta para a adaptação. Em cada um desses pilares, a solução pode estar em simplesmente olhar para dentro.