Indústria de tecnologia do Reino Unido sofre com incertezas do Brexit

Os adiamentos da saída dos britânicos do bloco europeu tem provocado confusão e feito as companhias pararem de investir em novos projetos
Roseli Andrion12/04/2019 18h16, atualizada em 12/04/2019 18h30

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Quando a população do Reino Unido foi às urnas, em 2016, para votar o plebiscito sobre sua permanência ou não na Comunidade Europeia, pouco se sabia sobre as implicações mais profundas dessa decisão. Agora, a efetivação que deveria ter ocorrido em 29 de março — e depois foi adiada para hoje (12) — ganhou novo fôlego até 31 de outubro.

Para o segmento de tecnologia no Reino Unido, isso tem sido um verdadeiro pesadelo. A indústria local de inovação tenta, desde o anúncio da saída do bloco, se preparar para uma situação que, até hoje, está pouco clara. Há os que agradecem a possibilidade de se preparar para os possíveis cenários futuros e os que ainda estão confusos sobre como agir.

Segundo as empresas, o governo não explica quais são as consequências de cada situação. Apesar de a indústria de tecnologia do Reino Unido ser considerada de alto nível — em segmentos como inteligência artificial e segurança da informação, ele fica, em geral, entre os líderes mundiais — toda a incerteza a respeito do Brexit pode afetar essa posição.

Por isso, os concorrentes europeus têm, cada vez mais, convidado os profissionais da área para postos de trabalho — uma vez que o Reino Unido os tem rejeitado. Em resumo, o Brexit pode tornar as organizações britânicas menos competitivas, já que o movimento dos profissionais de outras nacionalidades vai ser prejudicado. Uma opção para isso pode ser o recrutamento em outras localidades do Reino Unido. Paralelamente, muitas companhias têm planos de deixar a ilha e se mudar para o continente.

Outra dificuldade, agora para os fornecedores, é o fato de que novos negócios estão em estado de espera. Com a incerteza, há até quem desista de dar continuidade a projetos. Quem fornece para esse nicho, então, tem sua receita atingida diretamente nesse caso: afinal, não há qualquer prognóstico sobre como deve ficar a cadeia de suprimentos e as possibilidades de exportação.

O grande problema dessa pausa nos projetos é que as expectativas dos consumidores (sejam eles empresas ou cidadãos) continuam a evoluir. Com isso, pode ser que essas organizações acabem por perder sua posição no mercado se esse cenário se mantiver. Enquanto esperam pela efetivação (ou não) do Brexit, as empresas de tecnologia britânicas precisam determinar como se preparar — afinal, outubro chega em pouco mais de seis meses.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital