O YouTube anunciou ontem medidas para impedir mensagens predatórias e a onda de pedofilia na plataforma: a empresa vai suspender a seção de comentários em conteúdos que mostram menores de idade. O objetivo é prevenir a interação de usuários mal-intencionados em vídeos que apresentem “riscos de atrair comportamentos ofensivos”.
De acordo com a nota no blog do YouTube, apenas um seleto grupo de criadores vai poder manter sua seção de comentários livre em vídeos dessa categoria. “Esses canais serão obrigados a moderar as mensagens de forma ativa, além de usar apenas as ferramentas de moderação, e demonstrar um risco baixo de comportamento predatório.” O YouTube afirma que vai colaborar nessa missão e continuar a melhorar seu sistema de controle. Canais historicamente predatórios vão perder o privilégio de uma vez por todas.
Não foi informado se criadores poderão solicitar a reativação da ferramenta. No entanto, como na maioria das mudanças em políticas do YouTube, os canais pequenos devem ser os mais afetados. Embora isso seja bom em alguns aspectos, já que há quem apenas crie e espalhe conteúdo impróprio, teme-se que a medida aumente a barreira entre os youtubers e o público. Afinal, muitos utilizam a seção para interagir com os inscritos.
Como chegamos a esse ponto?
Pode parecer muito duro, mas o YouTube não tem muitas opções nesse cenário. Tanto ele quanto o Google, com suas ferramentas de publicidade, não querem ser associados à promoção de pedofilia ou à conivência com conteúdo ofensivo a menores. De certa forma, a medida traduz o ditado “situações extremas exigem medidas extremas” — ou seja, é inevitável.
O YouTube está, desde a semana passada, no centro de uma grande polêmica: um buraco de pedofilia na plataforma. Alguns cliques em termos de pesquisa como “bikini haul” redirecionavam a uma seção recomendada repleta de vídeos sugestivos, provocativos e perturbadores de menores. Muitos comentários deixados nesses conteúdos foram vistos como predatórios e de incentivo à pedofilia.
Algumas empresas — como Nestlé, Disney e Epic Games, criadora do Fortnite — não ficaram nada felizes ao saber que seus anúncios eram mostrados nesses vídeos. Elas, então, tiraram suas propagandas da plataforma — o que fez o YouTube desativar temporariamente os comentários de dezenas de milhões de vídeos com menores e apagar centenas de canais, além de limitar as propagandas em conteúdos com crianças. No entanto, vídeos não-ofensivos foram jogados indevidamente na mesma categoria, o que causou revolta em grandes criadores.
Espera-se que, com a nova política, não só a seção de comentários em vídeos recém-publicados seja desativada, mas seja feita a remoção retroativa de mensagens em conteúdos antigos. Além disso, o YouTube acaba de lançar um classificador de comentários, que pretende facilitar ainda mais a detecção e suspensão de comentários predatórios.
Fonte: Arstechnica