Em seu último relatório sobre vendas de smartphones na Europa em 2018, a Canalys, organização que analisa mercados de tecnologia, mostrou que 32% dos celulares no continente foram de fabricantes chineses. A Huawei detém a maior parte dessa parcela, com 23% de participação, referente ao último trimestre do ano passado.

Com 42,5 milhões de unidades vendidas, a companhia chinesa alcançou o terceiro lugar no comércio europeu de smartphones. Xiaomi e HMD Global (que controla a Nokia) também cresceram, conquistando o quarto e quinto lugares, respectivamente.

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Os números apresentados pela Canalys confirmam a ascensão dos smartphones chineses na Europa.

Além disso, o valor atingido pela Huawei a encaminha na contramão da tendência de venda de outras líderes em tecnologia. Enquanto ela cresceu em 54% na quantidade de dispositivos importados para a Europa, a Samsung sentiu queda de 10% em suas remessas no continente em relação à 2017, totalizando 61,6 milhões unidades vendidas; já a Apple caiu 6%, com venda de 42,8 milhões de celulares. Mesmo com essas quedas, a Samsung e a Apple conquistaram a 1° e o 2° posições, respectivamente, na região.

A diminuição do número de dispositivos vendidos na continente europeu é sentida no desempenho total desse mercado na Europa: estimativas da Canalys mostram que as vendas europeias de smartphones caíram 4% em 2018. Quanto ao último trimestre desse ano, os negócios sentiram queda de 2%.

Se essas tendências continuarem, a Huawei poderá garantir o segundo lugar, atrás apenas da Samsung, no começo deste ano, mantendo-se assim pelo menos até a próxima atualização do iPhone em setembro.

Enquanto cresce no continente europeu, a Huawei enfrenta resistência e acusações criminosas das autoridades dos Estados Unidos. A diretora financeira da corporação, Meng Wanzhou, está sendo acusada de fazer negócios com o Irã entre 2009 e 2014, violando as sanções econômicas impostas contra o país pelos EUA.

A investigação resultou na prisão de Wanzhou por autoridades canadenses em dezembro de 2018, mas a CEO foi liberada no dia 11 do mesmo mês e negou todas as acusações contra ela. Agora, ela aguarda julgamento em liberdade condicional e, se considerada culpada, pode até mesmo ser extraditada para os EUA. 

Mas, de acordo com o analista sênior da Canalys, Ben Stanton, isso foi positivo para o mercado europeu de smartphones. “A administração dos EUA está fazendo com que as empresas chinesas invistam na Europa. O mercado europeu está maduro e as taxas de reposição aumentaram, mas há uma oportunidade para as marcas chinesas deslocarem o mercado [para a Europa]”, observou Stanton.

Para ele, empresas como Huawei e Xiaomi trouxeram uma concorrência que surpreendeu seus rivais ao usar seu tamanho contra as marcas menores que atuam nos países do continente.