Os meses que antecederam a virada do ano testemunharam os primeiros passos de uma mudança sem precedentes, mas pouca gente percebeu o impacto que ela realmente terá: a tecnologia móvel de quinta geração, ou 5G, deixou os laboratórios e se tornou disponível para o mercado consumidor.
A Ericsson já fechou 10 contratos com operadoras nos Estados Unidos, na Austrália, na Suécia e em outros cantos do mundo e, desde outubro de 2018, elas têm lançado suas redes 5G. Para 2019, o objetivo é massificar o serviço seguindo um ritmo de crescimento do 5G que deverá ser vertiginoso. De acordo com o estudo Mobility Report, publicado pela Ericsson em novembro de 2018, até o final de 2024, mais de 40% de toda a população mundial terá cobertura de quinta geração, com cerca de 1.5 bilhão de assinaturas, o que corresponderá a 17% de todas as conexões móveis no período, rapidez nunca vista no lançamento das gerações anteriores.
Mas o que faz o 5G ser tão impressionante assim? A velocidade de conexão, 100 vezes maior que as taxas alcançadas pelo 4G, já justificaria a expectativa em torno do seu lançamento. Afinal, quem não gostaria de baixar um vídeo em 4K em segundos, sem se deparar com a (odiada) tela de vídeo bufferizando? Mas a quinta geração vai muito além de downloads mais rápidos e redes sociais mais ágeis. Com capacidade de conectar mais coisas ao mesmo tempo e com um tempo de resposta instantâneo, ela abre caminho para que pessoas e empresas usem a internet de formas totalmente inimagináveis, ao menos até agora.
Você deve se lembrar que, em 2014, era comum ver pessoas andando pela rua com seus celulares em punho caçando bichinhos virtuais. Usar o smartphone para acessar conteúdos como o Pokémon Go é um exemplo clássico do mundo 4G se preparando para o que virá, entregando mobilidade pessoal e entretenimento com um toque de realidade aumentada. No caminho para o 5G, serão populares aplicações “similares” para uso no setor empresarial, como por exemplo o uso de realidade aumentada por técnicos de campo responsáveis pelo reparo de equipamentos industriais, tendo seus diagramas e manuais disponíveis de forma online e visíveis em sua tela (ou seus óculos) durante a execução do serviço.
Na era do 5G, tudo é muito mais inteligente e integrado: imagine que você está controlando por gestos a central de entretenimento do seu carro enquanto realiza uma chamada telefônica com holografia 3D. No mesmo momento, sua casa já é avisada que você está próximo e, caso tiver programado, sua compra poderá ser entregue na hora exata que você estacionar.
Se você acha que tudo isso vai demorar muito para se tornar realidade, eu preciso te dizer que vai chegar mais rápido que você pensa. Isso porque o 5G consegue tirar proveito de uma série de disciplinas “geek” que já existiam, mas ainda não podiam ser combinadas de forma ampla e em qualquer lugar, como inteligência de máquina, uso de computação em nuvem nas redes de telecomunicações e técnicas avançadas de modulação de radiofrequência, para citar algumas (e paro por aqui para vocês não desistirem de ler o resto).
Todas essas (r)evoluções fazem com que o salto tecnológico e econômico do 4G para o 5G seja totalmente diferente do que foi dado entre o 3G e o 4G, e a nossa geração terá a oportunidade de acompanhar essa transformação muito rapidamente, de uma forma muito próxima. E o mais legal é que acompanharemos isso de forma dupla, como profissionais e como usuários finais. Tudo ao mesmo tempo agora!
Hoje já estamos vendo a primeira etapa do 5G, a fase em que a tecnologia é usada para prover internet a residências – um uso semelhante à conectividade via fibra óptica, mas sem fio. O segundo passo será a chegada do 5G aos smartphones, PCs e tablets. O Mobility Report da Ericsson prevê que, até o final de 2019, 10 modelos de smartphones 5G estarão disponíveis no mercado global, habilitando serviços multimídia, como jogos online e aplicações em realidade virtual. Mas a maior disrupção acontecerá quando o 5G chegar ao mundo da internet das coisas (IoT).
Hoje muitas aplicações e modelos de negócios já podem ser feitos com a transformação promovida pela adoção de IoT nas cadeias de valor das mais diversas indústrias, mesmo antes do 5G. A digitalização dos negócios, tendência que só tende a crescer sem expectativa de desacelerar, faz do IoT um negócio que se expande a uma taxa de 33% por ano desde 2013. O número de conexões IoT via redes celulares, mais confiáveis e economicamente sustentáveis que sistemas de IoT proprietários, deve crescer rapidamente e superar a casa dos 4 bilhões até 2024.
Se o IoT por si só já é uma área de crescimento, quando combinado à tecnologia 5G ele criará uma força de transformação poucas vezes vista em todo o mundo. Juntos, 5G e IoT irão inaugurar, de forma definitiva, a era da Indústria 4.0 em todos os setores.
Um outro estudo realizado pela Ericsson, o 5G Business Potential, identificou o potencial extra de negócios que poderá ser gerado para as operadoras a partir da implementação do 5G até 2026. Para obter o máximo de ganhos com esse movimento, as operadoras precisarão repensar seus modelos de negócios: em vez de atuarem mais focadas em conectividade, comercializando pacotes de dados, elas precisarão adotar estratégias de crescimento que incluam a criação de marketplaces para serviços digitais, fomentando um ecossistema mais amplo através de parcerias estratégicas com fabricantes de hardware e desenvolvedores de software, especializados em seus próprios setores e unindo esforços ao redor de objetivos comuns. É a divisão que multiplica, em sua forma mais direta!
Quando avaliamos os números e imaginamos tudo que poderia ser melhorado ao nosso redor por meio da tecnologia, torna-se claro o potencial do 5G para promover mudanças fundamentais na sociedade em um curto espaço de tempo, tanto no mercado consumidor quanto em indústrias, tornando-as mais conectadas e eficientes. Conforme o 5G chega e se expande pelo mundo, tenho certeza que ele habilitará mudanças fundamentais desde o primeiro momento. Imagine quando 6 bilhões de pessoas tiverem acesso ao potencial de inovação do 5G na palma das mãos.