O tenente-coronel da reserva e ex-astronauta Marcos Pontes, futuro ministro da ciência e tecnologia do presidente eleito Jair Bolsonaro, concedeu entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, 6, em Brasília, na sede do comitê de transição do governo. Entre outros assuntos, Pontes comentou a possibilidade de privatização dos Correios.
A estatal tem papel chave nas entregas de compras online em marketplaces e importações de eletrônicos. Nos últimos anos, os Correios sofreram com prejuízos bilionários, até finalmente registrar lucro líquido de R$ 163 milhões em agosto deste ano. Mesmo assim, há quem acredite que a empresa deva ser privatizada.
Pontes confirmou a jornalistas (via Poder360) que os Correios vão continuar subordinados ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mas disse que a privatização da empresa “não está na pauta” da equipe de governo “por enquanto”. O futuro ministro não quis dar mais detalhes sobre o assunto.
Além disso, Pontes afirmou que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que atualmente é subordinado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, deve passar para a sua responsabilidade durante o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Já a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) continuará com o Ministério da Educação, e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) também vai permanecer com a pasta de Ciência e Tecnologia, assim como funciona atualmente.
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Acordo de Paris
Marcos Pontes também comentou a possibilidade de o Brasil sair do Acordo de Paris, tratado entre 195 países assinado em 2015 que estipula metas para a redução na emissão de gases do efeito estufa. O presidente eleito Jair Bolsonaro já comentou em situações passadas que pode deixar o acordo se a “soberania” do país estiver “ameaçada”.
“Nós temos dentro da comunidade científica uma participação muito grande em estudos e análises de clima e a importância do desenvolvimento sustentável como um todo”, declarou Pontes, segundo reportagem da Agência Brasil.
“Essas informações todas vão ser levadas ao presidente. Logicamente quem tem poder de decisão é o presidente, mas nós temos a obrigação, vamos dizer assim, trabalhando com ciência, informar tudo sobre esses assuntos, inclusive”, acrescentou o futuro ministro.
Além disso, Pontes também comentou a desistência do Brasil de sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), marcada para novembro de 2019. A decisão foi tomada pelo atual presidente Michel Temer, mas teve apoio de Bolsonaro.
“Existem, do nosso ponto de vista, da ciência e tecnologia, pontos favoráveis para que a gente faça isso [realização da COP-25], mas logicamente a decisão é sempre do presidente, e a gente respeita as decisões”, declarou Pontes.