Cada vez mais, o acesso à internet deixou de ser restrito apenas a determinados tipos de dispositivos. O que antes basicamente se limitava a computadores, televisores, videogames e aparelhos móveis, há algum tempo passou a constituir uma nova realidade. Outras possibilidades vêm surgindo, desde geladeiras inteligentes a “inofensivos” brinquedos conectados à internet, com a intenção de trazer novas experiências e oferecer novos serviços a seus usuários. Há, também, campos de plantações que são irrigados à distância, travas elétricas que são liberadas por reconhecimento da íris, espelhos que atendem a comandos de voz e até brinquedos que aprendem com o comportamento de seus donos e possuem câmeras que permitem o acesso visual ao ambiente em que se encontram. Segundo Klaus Schwab, “as mudanças são tão profundas que, na perspectiva da história da humanidade, nunca houve um momento tão potencialmente promissor ou perigoso”.

Afinal de contas, como podemos definir Internet das Coisas? Conhecida como IoT, a Internet das Coisas conecta objetos, veículos e outros elementos que possuem tecnologia embarcada, com sensores e conexão com internet, e permite, assim, coletar e transmitir dados. É uma das tecnologias que fazem parte, hoje, do que vem sendo chamado de 4ª Revolução Industrial. Essa revolução está baseada no uso de sistemas físico-cibernéticos, caracterizada pela integração e o controle remoto da produção, a partir de sensores e equipamentos conectados em rede. Entre as tecnologias que compõem essa revolução, além da Internet das Coisas, vale também destacar a inteligência artificial, os veículos autônomos, a impressão em 3D, a nanotecnologia, a biotecnologia, o armazenamento de energia e a computação quântica.

Podemos usar alguns dados importantes para percebermos o potencial dessa nova tecnologia que surge com mais força atualmente. No Brasil, segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2016, realizada pela CETIC.br (gg.gg/tickids2016), considerando apenas as formas de conexão mais usadas para internet, 82% de crianças e adolescentes fizeram uso das novas ferramentas nos últimos 3 meses. A mobilidade dos celulares vem se fortalecendo como o meio favorito de acesso, o que mostra um aumento de 21%, em 2012, para 91% em 2016. Mobilidade essa que se tornou um dos grandes trunfos no aumento do uso da rede e uma das principais características da Internet da Coisas, que é conectar qualquer dispositivo a qualquer hora, em qualquer lugar, e permitir uma série de interações e levantamentos de informações em tempo real. Seu potencial de desenvolvimento e crescimento é enorme, e suas aplicabilidades, sem precedentes. Muitas empresas estão investindo muito em IoT, como a IBM, que anunciou o investimento de 3 bilhões nessa área, sendo uma parte significativa em aplicações para a Educação.

Nesse panorama apresentado de grandes inovações, sempre ficam algumas indagações importantes que ainda precisam ser discutidas. No caso, a IoT não foge à regra, principalmente em relação à segurança dos usuários. Como será garantida sua privacidade? Como será feita a guarda dos dados gerados nessas interações? Quem cuidará da gestão de armazenamento desses dados gerados? Hoje, existem políticas educativas que norteiam o uso desses recursos e como funcionarão? Será que casos de discriminação e auto dano ganharão força com o uso dessa tecnologia? Qual é o papel dos pais e educadores nesse novo cenário? Muitas são as questões relativas ao surgimento de novas tecnologias, e apesar de todas essas dúvidas, as novas possibilidades de aplicações superarão o medo inicial, e muita coisa criativa e inovadora surgirá. A área educacional não ficará de fora.

O relatório Horizon Report 2017 (gg.gg/horizonreport2017) mostra a IoT como uma forte tendência para a Educação dentro de 4 a 5 anos. Destaca também algumas iniciativas que já despontam no cenário educacional, como a da John R. Briggs Elementary School em Ashburnham, Massachusetts, onde os estudantes estão projetando uma lanchonete inteligente que controla desde a temperatura do ambiente até um sistema de “vigilância” para que os pais possam identificar as compras dos filhos. Também nos Estados Unidos, em outro projeto de destaque, chamado Moonshot, um engenheiro do Google está desenvolvendo, com alunos de Ensino Fundamental, ideias para uma cidade inteligente, onde os jovens pensam em soluções em IoT, com temas relacionados a transporte, mudanças climáticas e otimização de recursos escassos.

Nessas novas demandas, nesse novo universo que se abre, pais e educadores devem buscar formas de potencializar oportunidades e minimizar riscos, devem trazer sempre o conhecimento e a informação sobre esse futuro que bate a nossa porta. Apesar de desafiador, esse novo momento é único. Nossos jovens devem ser preparados para o protagonismo, deixando de ser apenas consumidores de tecnologia para serem criadores de soluções que impactem o meio onde vivem, sem nunca perderem de vista o senso crítico e a ética como seus norteadores.