Seis em cada dez brasileiros acham que cabe às empresas de tecnologia o trabalho de limpar as redes sociais de notícias falsas. Foi o que descobriu um estudo da empresa MindMiners publicado recentemente.
O estudo “Data Citizens: A Era da Pós Privacidade” entrevistou 1.000 pessoas entre 20 e 26 de abril de 2018. Destes, 82% disseram que usam redes sociais como fonte de informação e 85% dizem que sabem o que são as chamadas “fake news”.
Dentre estas pessoas, 42% disseram que nem sempre sabem identificar se uma notícia é falsa ou verdadeira. E 33% admitiram que já compartilharam uma notícia nas redes sociais sem saber que o conteúdo era falso.
Para a grande maioria dos entrevistados (60%), cabe às plataformas (Facebook, Instagram, WhatsApp, Google etc.) a responsabilidade de identificar e eliminar fake news. Outros 15% resonderam que a responsabilidade deve ser dos usuários.
Além disso, 13% acham que “uma organização criada só para isso” é quem deve lidar com o problema, e 6% acham que a responsabilidade deve ser do governo. De uma forma ou de outra, a grande maioria dos entrevistados se mostrou preocupada com o problema.
“Nos chamou a atenção que as pessoas têm medo do poder que essas fake news têm de manipular a opinião que elas têm sobre um determinado assunto”, disse Danielle Almeida, diretora de marketing da MindMiners e uma das líderes do estudo, em entrevista ao Olhar Digital.
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Nos últimos dias, o Tribunal Superior Eleitoral ordenou a derrubada de diversos links para notícias falsas que circularam pelas redes sociais neste período elitoral. Em junho, o TSE chegou a dizer que as eleições poderiam ser anuladas se fosse comprovada a influência direta de fake news no processo.
O Facebook, que é a maior rede social do mundo e é dona do WhatsApp – outro grande vetor de fake news não apenas no Brasil, mas também na Ásia – vem adotando uma série de medidas e ferramentas para combater o compartilhamento de notícias falsas.
A empresa tem parceria com agências de checagem de fatos, aumentou o número de funcionários responsáveis por moderar o conteúdo compartilhado na rede e inaugurou até uma “sala de guerra” com tecnologia de ponta para monitorar as eleições no Brasil e nos Estados Unidos.
Ainda assim, o estudo da MindMiners – mais recente sobre o assunto no Brasil – indica que 87% dos brasileiros gostariam que as redes sociais tivessem um botão que permitisse marcar uma postagem ou uma mensagem como fake news. O que, na verdade, já existe.
Usuários de Facebook já podem denunciar um post por conteúdo falso, embora o processo não seja dos mais intuitivos. No WhatsApp, o máximo que se pode fazer é denunciar um contato como spam, o que não ajuda quando é sua mãe ou sua tia quem está encaminhando, sem saber, uma notícia falsa.
Um outro estudo, este publicado em junho pelo Instituto Reuters, indica que o Brasil é, entre 37 países, o mais preocupado com o avanço das fake news. Mas se é mesmo das empresas de tecnologia a responsabilidade de eliminar as notícias falsas da web, falta muito para que as medidas atuais surtam o efeito desejado pelos brasileiros.