Internet das coisas significa todas as coisas conectadas à Internet. Desde eletrodomésticos, automóveis, portões, válvulas de água, dispositivos para monitoramento da saúde, plantações, até equipamentos da indústria, etc. As previsões da quantidade de dispositivos conectados são sempre números enormes, na ordem de bilhões ou trilhões. Uma coisa é certa, se todas as coisas que conhecemos forem conectadas, os números serão realmente grandes. Mas, qual é o ritmo com que conectaremos nossas coisas à Internet?

A mais conhecida lei para determinar o avanço de nossas tecnologias computacionais é a chamada Lei de Moore. Ela diz que o número de transistores em um chip dobra a cada dois anos. Já se passaram 50 anos que a lei foi proposta e até o momento a quantidade de transistores já dobrou aproximadamente 25 vezes. Mais recentemente, Raymond Kurzweil propôs uma nova lei que generaliza a Lei de Moore. É a chamada Law of Accelerating Returns [1], ou em tradução direta do Inglês, Lei dos Retornos Acelerados. Kurzweil defende que as melhores tecnologias de um dado estágio da evolução tecnológica são usadas para criar o próximo estágio. E assim por diante, sempre criando tecnologias mais capazes. É por isso que resultados importantes ocorrem cada vez em menor tempo, acelerando os retornos importantes. Isso gera avanços exponenciais. Kurzweil vai além, propondo que uma segunda onda de avanço exponencial ocorre quando as técnicas mais capazes obtêm mais recursos financeiros para o seu desenvolvimento. Segundo Kurzweil, avanços exponenciais ocorreram (e ainda ocorrem) em todas as tecnologias humanas, da escrita a sequenciamento do genoma humano.

Atualmente, estamos vivenciando um aumento da percepção de que os avanços em nossas ferramentas são de fato exponenciais. As pessoas “sentem” que vivem em um mundo acelerado. A cada dia novas tecnologias emergem. Quem não se surpreendeu com algo que não imaginava ser possível atualmente? Mais e mais invenções estão deixando a ficção científica e se tornando reais a cada dia.

Um exemplo. Faça uma reflexão mental sobre o número de smartphones que existiu ou que existe agora em sua residência. Volte lá atrás, quando adquiriu o primeiro aparelho. Agora volte para o presente, considerando toda compra feita. Viu? Está aumentando, não está? Fiz esse exercício em minha residência e atualmente temos 3 aparelhos. Anos atrás só tinha o meu. Isso é o que deve acontecer com a quantidade de coisas conectadas em sua casa, escritório, bairro, cidade, fazendas, escolas, etc. Um avanço exponencial. É fácil perceber que estamos muito mais próximos do zero absoluto de coisas não conectadas, do que do futuro onde tudo estará conectado. E qual o ritmo com que conectaremos nossas coisas à Internet? Provavelmente, dobrando o número de coisas conectadas a cada dois anos.

O avanço exponencial das tecnologias (toda ferramenta humana) cria abundância de recursos, permitindo que novas disrupções ocorram, acelerando ainda mais o ritmo da evolução tecnológica. Internet das coisas é um exemplo dessa abundância: conectividade e computação em todo lugar, a qualquer momento e para todos. Há muito tempo existem dispositivos para telemetria e telemonitoramento, entretanto o que muda com a Internet das coisas são as escalas e os impactos gerados. Um novo nome para um avanço que já vinha acontecendo e que agora pode fazer a ponte entre o mundo físico e virtual em escalas nunca antes imaginadas. É como se tivéssemos equipando o mundo físico com computação e comunicações nos nossos padrões. Tudo que acontece no mundo físico pode ser reportado ao virtual, criando imenso valor para nossos processos, tomada de decisão em software. E o que acontece no mundo virtual, pode ser refletido de volta no mundo físico, alterando a realidade.

Outro efeito da evolução tecnológica é a redução da escala física das tecnologias [2]. Equipamentos em novos estágios da evolução tecnológica se tornam cada vez menores. Kurzweil diz que as tecnologias mais evoluídas desaparecem, não podendo mais ser vistas a olho nu. Ou seja, tornam-se micro e nanotecnologias. A Internet das coisas não é exceção. Podemos esperar coisas cada vez menores conectadas à Internet, de alguns milímetros até micrômetros e, futuramente, quem sabe até na ordem de nanômetros (um bilionésimo de metro). Neste quesito, ainda estamos na ordem de centímetros.

No futuro, a relação entre o mundo físico e virtual vai se estreitar, permitindo que o software programe as coisas conectadas, alternado suas funcionalidades e até mesmo suas formas. Teremos enxames de dispositivos conectados que formam dispositivos maiores. Isso já está acontecendo na robótica. Em última instância, criaremos a chamada matéria programável [3], onde conseguiremos alterar a configuração em escalas físicas cada vez menores, modificando tudo que nos cerca. Até chegarmos lá, existe um imenso mundo de oportunidades! Aproveite para surfar a onda da Internet das coisas, que está só no começo do começo.