WhatsApp é pressionado para conter a disseminação de boatos no aplicativo

Renato Santino04/07/2018 22h18

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Boatos do WhatsApp são, muitas vezes, inofensivos, mas esse não é sempre o caso. A Índia vive uma epidemia de linchamentos, com 27 mortos nos últimos dois meses, frutos de correntes apócrifas que circulam pelo aplicativo. O resultado disso é que a empresa começou a ser pressionada pelo governo indiano para tentar frear a distribuição desse tipo de conteúdo.

Um comunicado do Ministério de Tecnologia da Índia avisa que o aplicativo já foi orientado a tomar medidas para prevenir a proliferação dessas mensagens falsas e que têm se provado tão danosas para a sociedade indiana, com pessoas inocentes se ferindo ou morrendo sem motivo.

É discutível, no entanto, o que o WhatsApp pode fazer para frear esse tipo de conteúdo de ser publicado na sua plataforma. Ao adotar a criptografia de ponta-a-ponta há alguns anos, o app optou pela privacidade de seus usuários, de forma que a mensagem já sai do celular do remetente cifrada. Desta forma, não há como um algoritmo determinar se o conteúdo é verídico ou se é um boato infundado, já que sequer é possível saber qual é o conteúdo que está sendo passado pelos servidores.

Recentemente, o aplicativo colocou uma nova medida em vigor para tentar controlar um pouco esse tipo de boato. Agora o WhatsApp mostra quando uma mensagem foi encaminhada, o que demonstra que o usuário não é o autor original do conteúdo. No entanto, o efeito prático dessa decisão é fraco. Uma possibilidade talvez seria associar a mensagem encaminhada ao número telefônico do autor, o que eliminaria o anonimato sem depender de uma análise de conteúdo, mas seria um golpe duro contra a privacidade oferecida pelo aplicativo.

Até o momento, o WhatsApp apenas anunciou um programa global de investimentos em pesquisas que tenham como foco o fenômeno das fake news. A empresa vai financiar até 20 projetos de pesquisa com US$ 50 mil cada. Além disso, haverá campanhas de conscientização contra a disseminação de informações falsas na plataforma.

Confira na íntegra o comunicado do governo indiano:

Casos de linchamentos de pessoas inocentes têm sido notados recentemente por causa do grande número de mensagens explosivas e irresponsáveis cheias de rumores e provocações que estão circulando no WhatsApp. Os infelizes assassinatos em vários estados como Assam, Maharashtra, Karnataka, Tripura e Bengala Ocidental são dolorosos e lastimáveis.

Enquanto a Justiça está tomando os passos para prender os culpados, o abuso de plataformas como o WhatsApp para a circulação repetida de conteúdo provocativo são, igualmente, tema de preocupação profunda. O Ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação tem acompanhado seriamente essas mensagens irresponsáveis e sua circulação em tais plataformas. Nossa profunda desaprovação de tais fatos foi demonstrada para a gerência do WhatsApp e eles foram orientados para que tomassem as medidas necessárias para prevenir a proliferação dessas mensagens falsas e algumas vezes sensacionalistas. O Governo também informou que a distribuição dessas mensagens deve ser imediatamente contido pelo meio da aplicação de tecnologias apropriadas.

Também foi apontado que tal plataforma não pode fugir da responsabilidade, especialmente quando boas invenções tecnológicas são abusadas por malfeitores que recorrem a mensagens provocativas que levam à propagação da violência.

O Governo também afirmou em termos claros que o WhatsApp precisa tomar ação imediata para encerrar esta ameaça e garantir que sua plataforma não seja usada para atividades maléficas.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital