Chris Hughes foi colega de quarto de Mark Zuckerberg na Universidade de Harvard e ajudou a criar o Facebook, rede social usada hoje por 2 bilhões de pessoas mensalmente. Hoje afastado da empresa, ele tem uma proposta radical para o seu modelo de negócios.
Durante uma palestra realizada num evento do Instituto Milken, nos Estados Unidos, acompanhada pelo Quartz, o cofundador do Facebook defendeu a ideia de que usuários da rede social deveriam ser pagos por compartilhar seus dados pessoais com a empresa.
A fonte de renda do Facebook (e também do Google e outras gigantes da tecnologia) são os dados que os usuários geram. Sabendo detalhes sobre a personalidade e os hábitos de mais de 2 bilhões de pessoas, o Facebook pode direcionar propagandas que têm muito mais chances de serem clicadas.
O Facebook vende essa promessa de direcionamento preciso para agências de publicidade ou outras marcas, e é daí que vem todo o seu dinheiro. Segundo Hughes, o Facebook deveria compartilhar uma parte dessa riqueza com as pessoas que geram os dados que são a moeda do seu negócio.
“Dados são a riqueza comum que estamos criando para o século futuro, e não deveríamos amarrar nossos resultados econômicos a isso, de modo que apenas poucas pessoas se tornem extremamente ricas”, disse Hughes em sua palestra.
A ideia é que, à medida em que dados se tornam o novo ouro ou o novo petróleo, em termos de valorização, as pessoas que geram esses dados deveriam ser pagas também. Um exemplo é o que o governo dos Estados Unidos faz no Alaska.
Cidadãos do estado no extremo norte da América recebem dividendos por todo o petróleo que o governo dos EUA vende e que é retirado do solo do Alaska. Esses dividendos são financiados por um imposto que as empresas de exploração pagam ao estado.
Hughes propõe que o mesmo seja feito com o Facebook e outras empresas que dependem de dados para ganhar dinheiro. A rede social pagaria um imposto que seria revertido em uma quantia que cada usuário do serviço receberia por compartilhar seus dados.
“É o clássico ganha-ganha com que nossa sociedade vive obcecada. Neste modelo, as empresas continuam inovando e os consumidores recebem sua parte”, afirmou Hughes. Em um artigo publicado no jornal britânico The Guardian, ele deu ainda mais detalhes do plano.
Segundo os cálculos do investidor, um imposto de 5% sobre a receita do Facebook, Google, bancos e operadoras de cartão de crédito poderia gerar US$ 100 bilhões aos EUA por ano, resultando em dividendos de US$ 400 por ano para cada cidadão norte-americano adulto.
É claro que tudo isso não passa de uma sugestão que não tem grandes chances de virar realidade num futuro próximo. Mas vale lembrar que, em depoimento ao Congresso dos Estados Unidos no último mês, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, não só admitiu a possibilidade de que a rede social seja regulamentada pelo estado, como também evitou descartar a hipótese de uma versão paga do Facebook para usuários que não queiram compartilhar seus dados.