Não importa a tarefa: quando mais você treina, mais rápido você consegue terminá-la. Isso vale para trabalhos domésticos e atribuições profissionais, mas vale também para jogos de videogame. E existe toda uma categoria de jogadores que dedicam centenas de horas de suas vidas para conseguir zerar seus jogos favoritos no menor tempo possível.
Eles são os speedrunners. E depois de passar tanto tempo com os games, eles conseguem fazer em questão de minutos o que a maioria dos jogadores leva horas, dias ou semanas para fazer.
O André contou para a gente que a ideia por trás dos speedruns não é só conseguir o menor tempo possível. Claro, esse é o principal objetivo. Mas a questão é que essa prática acaba sendo uma maneira de dar uma nova vida a um jogo antigo:
Para conseguir obter alguns dos tempos mais impressionantes, os jogadores muitas vezes se valem de falhas na programação dos games que permitem pular certas partes. São os chamados “glitches”, e embora muita gente considere que usar esses recursos seja uma forma de “roubar”, o André não vê as coisas dessa maneira.
Mas então o que leva uma pessoa a passar horas e horas de sua vida com um jogo do qual ela já viu praticamente tudo? Segundo o André, não é só o jogo, mas as pessoas que compartilham da sua busca pelo menor tempo possível.
Essa comunidade é maior do que você pensa. Os jogadores usam aplicativos e redes sociais para conversar, compartilhar novos truques e bater papo sobre os jogos que mais curtem. O speedrunners chegam até a organizar eventos com vários dias de jogos transmitidos ao vivo pela internet.
Mas não é só um passatempo: essas maratonas são feitas para arrecadar doações para instituições de caridade ou de ajuda humanitária. Nos Estados Unidos elas já acontecem desde 2012 pelo menos, mas os speedrunners brasileiros já têm desde 2016 uma maratona anual para chamar de sua.
Uma vez por ano, dezenas de speedrunners se unem em um local só para demonstrar as suas habilidades com os jogos. A edição de 2018 teve cinco dias diretos de jogos ao vivo. E enquanto o evento é transmitido pela internet, os espectadores podem enviar doações. É essa a boa causa para a qual o Hugo acaba dedicando as suas férias do trabalho.
No futuro, ele pretende tornar esses eventos semestrais, para conseguir arrecadar mais dinheiro para as instituições e unir ainda mais a comunidade de speedrunners. Vai ser um desafio, com toda a logística envolvida, mas o certo é que todos os speedrunners continuarão treinando para conseguir encaixar ainda mais jogos no mesmo tempo na próxima maratona.