O Google divulgou ontem por meio de seu blog de pesquisa um novo processador quântico de criação própria, chamado de Bristlecone. De acordo com a empresa, o principal objetivo do Bristlecone é atingir a “supremacia quântica”: o momento em que os processadores quânticos serão finalmente capazes de resolver problemas de maneira mais rápida e precisa que os processadores tradicionais.
Para isso, a empresa resolveu focar o design de seu processador quântico em um único problema: a verificação de erros. Um dos maiores problemas dos processadores desse tipo é que é muito difícil aferir quando um cálculo feito por ele sofreu interferência de fatores externos. Computadores tradicionais já têm métodos específicos de controle de erros – um dos fatores que leva um PC a ter uma “tela azul da morte”, por exemplo, é quando ele detecta um erro de leitura ou gravação na RAM.
Mas aferir erros em processadores quânticos é muito mais difícil por uma série de motivos. Um deles é o fato de que as partículas quânticas mudam de estado quando são observadas – ou seja, olhar para uma delas já faz com que ela se altere. Além disso, como o TechCrunch ressalta, os processadores quânticos muitas vezes precisam funcionar a temperaturas próximas de -273ºC e a pressões muito baixas, o que torna muito difícil criar métodos de medição de precisão.
Benchmark quântico
Dessa forma, o foco do Bristlecone é rodar uma ferramenta de benchmarking especial para aferição de erros em computadores quânticos. O que ele faz é pegar um problema cuja resposta já é conhecida e usar o processador quântico para resolvê-lo. Em seguida, a resposta do computador é comparada à resposta já conhecida.
Segundo o Google, um computador com 49 qubits (o equivalente quântico dos bits dos processadores atuais) que fosse capaz de operar com uma taxa de erro menor de 0,5% entre dois qubits seria capaz de atingir a supremacia quântica. A empresa diz já ter conseguido atingir essa taxa de erro, mas apenas entre nove qubits; seu próximo objetivo é atingir essa mesma taxa entre todos os 72 qubits do Bristlecone.
Ainda de acordo com o Google, se isso der certo, eles terão provado que o sistema que eles desenharam pode ser expandido para gerar processadores quânticos ainda mais potentes – e, finalmente, melhores que os processadores atuais. Isso, no entanto, exigirá “cuidados aengenharia de sistemas ao longo de diversas iterações”, segundo a empresa. Os pesquisadores, no entanto, dizem estar “cautelosamente otimistas” quanto ao sucesso de sua criação.