O Spotify, ao que tudo indica, foi vítima de uma grande operação que visava explorar o sistema de pagamento para compensar os artistas na plataforma. O serviço de streaming pode ter perdido algo na faixa de US$ 1 milhão com pagamentos a artistas-fantasma da Bulgária.
O feito envolveu o upload de duas playlists no Spotify contendo 500 músicas que puderam ser rastreadas até a Bulgária graças ao código ISRC, o sistema internacional usado para identificar faixas e videoclipes, como informa o site Music Business Worldwide. Essas playlists, mesmo com poucos ouvintes, logo dispararam para a parte de cima do ranking global de listas mais escutadas do Spotify.
O que acontece é que esses poucos ouvintes, mais precisamente cerca de 1.200, eram contas pagas que ficavam reproduzindo as 500 faixas das playlists continuamente e permanentemente, o que é, no mínimo suspeito.
Para completar as suspeitas sobre a operação, a maior parte da playlist era composta por faixas de pouco mais de 30 segundos, que é o mínimo de reprodução que o Spotify considera na hora de remunerar um artista.
Pode parecer uma operação cara, já que cada conta premium do Spotify custa US$ 10 ao mês, mas não é tanto assim quando comparado com a potencial recompensa. Estima-se que o Spotify pague cerca de US$ 0,004 por reprodução válida. Se 500 músicas de 30 segundos forem reproduzidas durante um dia inteiro ao longo de um mês inteiro por 1.200 pessoas, isso resulta em 103 milhões de reproduções, ou um total de US$ 415 mil por mês. Ou seja: os US$ 12 mil necessários para manter a operação mensalmente eram reembolsados com tranquilidade ao fim de 30 dias.
Esses números, no entanto, são referentes a apenas UMA das playlists. A outra também tinha números parecidos e existe a possibilidade de que haja outras listas que ainda não tenham sido descobertas. Estima-se que a operação durou quatro meses antes que membros da indústria musical alertaram o Spotify do golpe, permitindo à empresa tomar as providências para remover as playlists e interromper a sangria de dinheiro. A companhia afirma estar “melhorando seus métodos de detecção e remoção” para evitar que isso se repita.