Como a febre da bitcoin está prejudicando os PC gamers

Renato Santino18/01/2018 23h56

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A febre da bitcoin e outras altcoins é uma realidade. Neste momento, milhares (talvez milhões) de pessoas estão trocando suas moedas fervorosamente no afã de ganhar dinheiro apostando na valorização dessas moedas virtuais. E, para sustentar essa valorização, existe um exército de computadores minerando criptomoedas para seus donos, que também buscam ganhar dinheiro enquanto operando validando todas as transações realizadas pelo ecossistema.

Parece bom para todo mundo, mas existe um tipo de pessoa que não está nada feliz com a disparada da bitcoin ao longo de todo o ano de 2017 e também no início de 2018: o PC gamer que está procurando uma placa de vídeo nova para o seu computador.

Uma coisa pode parecer não tem nada a ver com a outra, mas é bem fácil entender o problema. A mineração de Bitcoin e Ethereum, as duas moedas mais fortes do momento, exige alto poder de processamento; essa necessidade é mais bem suprida com um GPUs do que com CPUs. Daí há uma corrida para  adquirir  asplacas de vídeo mais parrudas, atrapalhando o público original desse tipo de produto, que são os gamers.

Os resultados disso são dois. O primeiro é a escassez, tornando difícil encontrar as placas desejadas no mercado primário (as revendedoras oficiais), que costuma ter os preços sugeridos pelas fabricantes. O segundo, consequência do primeiro, é a escalada de preço; afinal de contas, a lei básica do capitalismo é da oferta e procura. Se algum produto está em alta, seu preço invariavelmente vai subir.

Disso nascem algumas discrepâncias bizarras. Em 2016, a Nvidia lançou a GTX 1080 pelo preço sugerido de US$ 600. Quase dois anos depois, a lógica determinaria que seu preço estaria menor do que na época de lançamento, mas não é tão simples. Se você for procurar em lugares como eBay e Amazon, vai encontrar placas USADAS custando mais de US$ 700.

E isso acaba afetando o brasileiro também, claro. Primeiro porque a febre da bitcoin é mundial, então também tem gente comprando placa de vídeo para minerar moedas virtuais por aqui também. Segundo que o hábito de importar componentes ou comprá-los por importadores é extremamente comum para quem tem o hábito de montar PCs, justamente para fugir dos altos preços do varejo nacional.

No entanto, é só olhar sites como o Mercado Livre para ver que a coisa está complicada também. No lançamento da GTX 1080 Founders Edition, a Nvidia anunciou  preço sugerido de R$ 4.000 em 2016 e o preço simplesmente não abaixou nesse período, sendo bem difícil encontra-la no mercado oficial; enquanto isso, o não-oficial cobra preços de oficial.

Uma questão interessante sobre isso é que uma possível solução por parte de AMD e Nvidia seria aumentar a produção, aumentando a oferta para suprir essa demanda, que claramente está desbalanceada. No entanto, é importante notar que a demanda só permanecerá em alta enquanto as moedas virtuais continuarem se valorizando. Se houver um crash, como muitos temem, as empresas se veriam inundando o mercado com placas de vídeo sem demanda, já que as moedas recebidas pela mineração não seriam suficientes para cobrir os custos de energia. Os mineradores passariam a vender suas placas usadas ao público gamer convencional por preços baixos enquanto as placas novas encalham nas prateleiras e as fabricantes acumulam prejuízos. Então há um risco grande envolvido em atender a essa demanda altíssima.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital