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Afirmar que qualquer pessoa que tenha um documento de identidade válido está sujeita a ser vítima de um crime de falsificação pode soar exagerado, mas infelizmente não é. Muitas vezes, só o acesso de criminosos aos números de documento pode resultar em fraudes, como a abertura de conta corrente ou crediário, pedido de empréstimo bancário ou compras via e-commerce indesejadas. Se levarmos em consideração que números de documentos circulam quase livremente pelas redes, é correto falar que estamos em risco sim. Prova disso é que existe uma tentativa de golpe a cada 16,5 segundos no país, de acordo com o Serasa Experian.  
 
Pense em todas as vezes que você precisou informar seus dados para ter acesso a um serviço, como cotação de seguros, matrícula em cursos, download de e-books ou até mesmo para votar em uma enquete on-line. Muitas vezes, certo? Isso significa que muitas empresas têm acesso ao número dos seus documentos, e em caso de vazamento, seria difícil identificar de onde partiu.  E isso facilita a ação de criminosos, que vendem números de RGs, CPFs e CNHs em bancos de dados clandestinamente.
 
No caso de um vazamento de dados como o que ocorreu na empresa de monitoramento de crédito Equifax, nos Estados Unidos, milhões de pessoas são colocadas em situação de vulnerabilidade. Acontece que, por terem seus dados expostos, essas pessoas têm que redobrar seus cuidados, já que podem ter um pedido de crédito feito em seu nome a qualquer momento, sem que tenham conhecimento. Mas então, qual seria a melhor solução para evitar que as pessoas tenham seus dados expostos e utilizados de forma indevida? A tecnologia, claro.
 
Vamos supor que, ao invés de vários documentos, cada pessoa tivesse um cadastro digital único, armazenado em um banco de dados seguro. Então, quando necessário fazer uma comprovação de identidade, a empresa requerente (banco, loja, universidade, etc), entraria em contato com o administrador desse banco de dados e receberia não os números do cadastro, mas uma autenticação eletrônica de que aquela pessoa possui um documento válido. Isso evitaria que os dados ficassem transitando pelas redes e expostos à interceptação.
 
Todo esse processo pode ser feito via plataformas online, sem a necessidade de interação humana. Alguns bancos já utilizam procedimentos semelhantes quando geram códigos únicos para validar cada operação financeira. Considerando que cada autenticação é única, ainda que fosse interceptada, não teria utilidade para uma nova comprovação. O Canadá e o Reino Unido já estão trabalhando no desenvolvimento desses serviços, que funcionariam utilizando tecnologia semelhante a do blockchain.
 
Essa é apenas uma das possibilidades de uso de documentos digitais. As tecnologias disponíveis hoje já viabilizam um sistema como esse, e os avanços em desenvolvimento só têm a melhorar ainda mais essa ou qualquer plataforma de identidade digital.  O mais importante é que já podemos vislumbrar alternativas funcionais e seguras, que não só nos trarão mais tranquilidade, mas ajudarão a evitar prejuízos bilionários para o comércio e setor financeiro.