A diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, anunciou ontem que a rede social vai desabilitar o recurso que permitia que seus usuários criassem anúncios que excluíssem pessoas segundo sua raça. O anúncio de Sandberg foi endereçado ao conjunto de parlamentares afro-americanos do Congresso dos Estados Unidos (o equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil).
No ano passado, o Facebook foi processado com base em uma matéria de ProPublica que revelou que a rede social permitia criar propagandas que excluíam pessoas de determinadas raças. Um ano depois, a ProPublica refez a mesma matéria, e obteve os mesmos resultados, indicando que o Facebook não havia feito o suficiente para impedir essa prática. Foi presumivelmente por conta dessa situação que a alta executiva da rede social decidiu se pronunciar.
Promessas
Segundo Sandberg, o Facebook agora vai impedir que os anunciantes excluam determinados grupos étnicos do público-alvo de seus anúncios. “Até que nós possamos fazer melhor para garantir que nossas ferramentas não serão usadas de maneira inadequada, estamos desativando a opção que permite que anunciantes excluam segmentos de afinidade multicultural de suas propagandas”, disse.
Com esse mesmo objetivo, agora sempre que um anunciante usar a ferramenta de “afinidade multicultural” para direcionar o seu anúncio, ele precisará passar um processo de autocertificação. Esse processo tem o objetivo de garantir que a pessoa é ela mesma e tem consciência das possíveis consequências de anúncios segregativos.
Fora isso, a diretora de operações da rede prometeu fazer um estudo detalhado para entender como essas ferramentas de direcionamento de anúncios são usadas para segregar outros grupos. Com isso, a empresa pretende impedir que anunciantes segreguem pessoas com deficiências ou pessoas LGBTQ, por exemplo.
Mudança de fato?
De acordo com a Reuters, a rede social tem estado na defensiva quanto às suas práticas de anúncios desde que, no ano passado, ela revelou que russos haviam investido pesadamente em propagandas referentes às eleições estadunidenses de 2016. A própria Sandberg já admitiu que o Facebook não via problema com essas propagandas, e que teria permitido que elas fossem veiculadas mesmo que soubesse na época que elas eram ligadas à Rússia.
No mesmo anúncio aos parlamentares negros, Sandberg defendeu a prática do marketing baseado em raça de maneira geral. Segundo ela, é uma “prática comum na indústria de publicidade” com “muitos usos legítimos – por exemplo, os anunciantes podem querer atingir pessoas com conteúdo que reflete a comunidade com que eles se identificam ou produtos que são muito comprados por uma comunidade específica”.
Pelo menos, segundo a Reuters, os parlamentares que levaram a questão ao Facebook sentiram-se satisfeitos com a resposta da rede social. Segundo a parlamentar Robin Kelly, “quando eu levei essa questão ao Facebook pela primeira vez, fiquei decepcionada. Quando foi necessário levantar novamente a questão, eu fiquei irritada. Felizmente, conseguimos estabelecer um canal construtivo de comunicação que resultou num passo positivo adiante”.