O Paraguai tem se tornado um constante destino de brasileiros que buscam economizar em eletrônicos. Seja para comprar o novo iPhone X, um smartphone Android ou aparelhos como consoles, a tendência é que o fluxo de pessoas aumente durante a temporada de promoções de fim de ano. No entanto, é preciso refletir se vale a pena enfrentar eventuais riscos e cruzar a fronteira para adquirir produtos.
Atraídos pela promessa de boas ofertas, muitos brasileiros optam pelo Paraguai por conta da proximidade e facilidade para entrar no país. O país faz divisa com dois estados brasileiros, o Mato Grosso do Sul e o Paraná. Na chamada “Tríplice Fronteira”, é possível apenas atravessar a Ponte da Amizade, portanto o RG ou o passaporte, e se aventurar pelas lojas de preços mais baixos do país vizinho.
Se engana, porém, quem pensa que, no Paraguai, os produtos só são mais baratos por serem fruto de pirataria. Há muitos eletrônicos originais à venda no país e, muitas vezes, compensam mais do que uma viagem aos EUA ou uma importação da China. Ficou interessado? Confira quatro dicas para fazer compras com consciência no Paraguai.
1. Compare preços
Como dito anteriormente, os preços do Paraguai não são baixos porque os produtos são todos piratas. Há, sim, muita falsificação, mas também há oferta de produtos originais. O principal fator que influencia no preço desses itens tem a ver com a tributação do governo paraguaio.
Os impostos cobrados de fabricantes estrangeiras no Paraguai são bem menores do que os impostos do Brasil. A legislação por lá também faz menos exigências: certificações de agências reguladoras, tradução de manuais e embalagens e tributos obrigatoriamente repassados ao estado pelo simples comércio, por exemplo, são menores.
Por isso, muitas lojas oferecem produtos eletrônicos como smartphones ou notebooks cobrando em dólar, e quase sempre com manuais e embalagens no idioma original da fabricante. Ainda assim, é importante comparar preços antes de ir às compras.
Nem sempre um produto original sai realmente mais barato no Paraguai do que no Brasil. Mas vejamos, por exemplo, um iPhone X, celular que chega aqui em dezembro pelo preço sugerido de R$ 7.000. Na loja Mega Eletrônicos, que fica em Ciudad del Leste, o mesmo aparelho aparece custando US$ 1.365, ou R$ 4.613. Ou seja, sem contar transporte e hospedagem, vale a pena.
O que nos leva à próxima dica.
2. Escolha a loja antes
Quem já fez compras no Paraguai diz que há três opções de locais para visitar: Ciudad del Leste, a mais próxima, que faz divisa com Foz do Iguaçu, no Paraná; Salto del Guairá, que faz divisa com Guaíra, ao norte da fronteira; e Pedro Juan Caballero, colado em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
O destino mais frequente é Ciudad del Leste, cujo caminho mais fácil e barato é por Foz do Iguaçu. É lá onde ficam as maiores lojas de eletrônicos, como a já citada Mega Eletrônicos, a Monalisa e a SAX Department, por exemplo.
Visitantes frequentes alertam: não dê ouvidos aos ambulantes e pessoas aleatórias te chamando para conhecerem suas lojas. Escolha um local, de preferência um grande e com boas referências, conhecido por não oferecer produtos falsos ao invés de originais, e vá até lá sem desviar o olhar para ofertas aparentemente mais tentadoras. Assim você evita cair em golpes.
3. Leve dólar em espécie
Uma particularidade curiosa do comércio paraguaio é a venda em dólar. Você pode trocar seu real pela moeda americana antes de cruzar a fronteira e, chegando lá, comprar tudo em espécie. Assim, você evita o peso de impostos brasileiros que podem deixar o produto mais caro no final.
Por conta do fluxo constante de brasileiros, muitas lojas aceitam pagamento em real e cartões internacionais emitidos no Brasil. Porém, vale lembrar que o preço em real tende a ser um pouco maior do que a pura conversão para dólar em casas de câmbio do lado de cá da fronteira.
Ou seja, em dólar e à vista, as compras devem sair mais baratas.
4. Preste atenção aos impostos
Cruzar a fronteira de volta ao território nacional, porém, é o momento em que os encargos brasileiros voltam a aparecer. A Receita Federal determina que, se as suas compras custaram menos de US$ 300 (a pé ou de carro) ou US$ 500 (de avião), você não precisa declarar nada e pode ir para casa tranquilamente.
Se suas compras ultrapassarem o limite, será preciso emitir uma “Declaração de Bens do Viajante” e pagar o imposto calculado na hora. Os tributos são equivalentes a 50% do valor excedido, levando em conta a cotação do dólar na época, é claro.
Então, digamos que você comprou aquele iPhone X de US$ 1.365 em Ciudad del Leste. Na Ponte da Amizade, o limite é US$ 300, o que significa que você passou em US$ 1.065 o valor irrestrito. Você terá de pagar, em impostos, 50% desse valor a mais, o que equivale a US$ 532. No total, você acaba tendo pago US$ 1.897 no iPhone X, o que equivale a R$ 6.186 na cotação atual. Ainda mais barato que o modelo vendido no Brasil.
Não tem dinheiro para pagar o imposto? Clique aqui para saber o que acontece a partir daí.
Outras dicas importantes
O Consulado-Geral do Brasil em Ciudad del Leste oferece em seu site oficial uma lista de recomendações bem úteis. A primeira delas vale para qualquer centro comercial de grande circulação: “tome cuidado com seus pertences, como carteira, celular e câmera fotográfica, e ponha seu dinheiro em bolsos com zíper ou em ‘doleiras'”.
“Tome muito cuidado com guias ou agentes de compras, que geralmente abordam os turistas nas ruas com coletes caracterizados”; “evite ao máximo usar cartão de crédito ou débito em suas compras” (se for necessário usá-lo, não o perca de vista na loja); e, por fim, “peça sempre nota fiscal”, são outras indicações.
Outra recomendação é a de testar os produtos antes de comprá-los. Em caso de smartphones, alguns lojistas fazem uma demonstração do aparelho usando um chip SIM de operadoras locais. Pesquise se o dispositivo tem suporte às faixas de frequência das operadoras de brasileiras e não se deixe enganar pelo chip paraguaio. Aqui você aprende a descobrir se um celular comprado no exterior funciona no Brasil.
Como saber se o produto é mesmo original? Desconfie se o preço, em dólar, estiver abaixo do preço praticado nos EUA; verifique se a embalagem está devidamente lacrada; e procure a sigla “RB” perto do número de série do produto. A sigla signfica “refurbished”, que identifica um produto reciclado ou de segunda mão.
Por fim, caso você caia em algum golpe, procure a Polícia Turística do Paraguai. Agentes estão constantemente pratulhando as ruas de Ciudad del Leste.