Entenda por que a bitcoin é a moeda preferida pelo cibercrime

Renato Santino25/10/2017 15h34, atualizada em 25/10/2017 15h40

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Mais um ataque internacional com ransomware colocou a bitcoin em evidência. Desta vez, o ciberataque “Bad Rabbit” atinge a Europa, especialmente Rússia e Ucrânia, e pede 0,05 bitcoin para destravar os computadores infectados. Mas, afinal, por que é que os invasores sempre escolhem a moeda digital para o “resgate” dos sistemas “sequestrados”?

Antes de mais nada é importante deixar claro que a bitcoin não é ilegal. Você pode comprar e esperar que ela valorize para ganhar dinheiro, da mesma forma que você faria com ações financeiras ou com a compra de moedas estrangeiras, por exemplo.

Para explicar isso é preciso entender que, diferentemente de transações bancárias, a bitcoin permite maior confidencialidade. Isso, no entanto, não significa dizer que as transações não possam ser rastreadas. Elas podem, mas não é algo simples de ser feito.

O próprio site da moeda digital deixa isso bem claro: “Todas as transações bitcoin são públicas, rastreáveis e armazenadas permanentemente na rede bitcoin”. Todas as carteiras – que funcionam como contas bancárias – podem ser visualizadas por qualquer pessoa, desde que esta saiba o endereço eletrônico (URL) dela.

No entanto, as bitcoins podem ser criadas por qualquer pessoa e você não precisa usar uma identidade real para possuir as moedas. Dessa forma, tudo o que pode ser rastreado é a carteira digital e as transações realizadas.

Enquanto opera com a moeda, o usuário não pode ser fisicamente identificado. Esse processo só pode ser feito quando ele realiza o câmbio de bitcoin para dinheiro real. Neste caso, a corretora precisa ter as informações reais do usuário, o que revela a sua identidade e permite rastrear a origem do dinheiro até o cibercriminoso, já que todas as transações são públicas.

Para manter a anonimidade no processo, no entanto, os criminosos têm suas alternativas. Uma delas é passar o dinheiro por um “misturador de bitcoins”, que limpa os blockchains associados com o ataque. Na prática, é a famosa lavagem de dinheiro. Caso contrário, o dinheiro só poderia ser usado para realizar transações em bitcoins, o que limita bastante sua utilidade, já que a quantidade de estabelecimentos que aceitam a moeda digital ainda é ínfima.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital